Lenin nunca nos deixou!
100 anos da morte do pai da revolução proletária mundial
Por Giovanny Simon
Um século após a sua morte, o legado de Lenin continua incontornável para os revolucionários do mundo. Dizia György Lukács, que apenas em Lenin ocorreu um verdadeiro renascimento de Marx. Isso porque o marxismo da Segunda internacional (e, talvez também da Terceira) era predominantemente positivista, engessado por legalidades pressupostas mecanicamente. O chefe da revolução russa de 1917 soube como ninguém combinar a necessidade da flexibilidade tática com a intransigência de princípios; valorizar o estudo da teoria revolucionária sem endeusar os intelectuais; apoiar e defender as conquistas parciais, sempre subordinando-as ao objetivo amplo da revolução; aproveitar o patrimônio das classes subalternas sem, com isso, romantizar seus preconceitos e atrasos. Lenin, com efeito, fora um revolucionário completo e o único defeito de sua trajetória foi a rapidez com que nos deixou.
Lenin faleceu na data de hoje cem anos atrás (21.01.1924) depois de complicações de saúde em virtude dos repetidos atentados cometidos contra a sua vida durante os primeiros anos da Guerra Civil Russa. Sua morte, porém, não apagou seu legado teórico-político. Poderíamos distinguir o legado de Lenin em dois grandes campos. Primeiro, derivou, de seu enfrentamento aos problemas prático-concretos do desenvolvimento da luta revolucionárias nas condições específicas da situação russa, uma formulação autêntica e de dimensões universalistas de luta contra o culto ao espontaneísmo expresso na ideia do “tribuno do povo” – ao contrário do burocrata sindical, o tribuno do povo toma o nível de consciência das massas apenas como ponto de partida, sempre buscando aproveitar-se das múltiplas contradições sociais, econômicas e políticas com objetivo de acumular forças para a tomada do poder político. Do tribuno do povo, desdobra-se também sua concepção revolucionária do partido de novo tipo, cujo núcleo dirigente de profundos conhecedores do marxismo é capaz de analisar concretamente a realidade concreta e com isso apontar as tarefas imediatas e de longo prazo a partir de uma visão de totalidade.
Noutro campo da herança viva de Lenin, encontra-se a sua teoria do imperialismo. Viva porque ambos os campos constituem bases sólidas para desenvolvimentos ulteriores, que servem de fermento hodierno e indispensável para as lutas atuais. Sua teoria do imperialismo atualizou a análsie do capitalismo de sua época, identificando corretamente a mudança qualitativa exercida pelos monopólios na dinâmica do mercado mundial. Em consequência, a era do capitalismo monopolista encetou a exportação não só de mercadorias, mas de capital, liderada pela sanha do capital financeiro. A disputa e partilha das colônias, semicolônias e países dependentes por parte dos países imperialistas, se motivou também para absorção dos excedentes de capital, para controle privilegiados da matéria-prima, além de controle do mercado local. Da disputa inter-imperialista, Lenin corretamente identificou o caráter da guerra mundial de 1914. Mas mais do que isso, da contradição entre países imperialistas e países dependentes também surgiu a possibilidade de combinar a luta antiimperialista e anticolonial com a revolução proletária e socialista.
Este, talvez dos mais profícuos legados de Lenin, inspirou toda sorte de revoluções nacionais e antiimperialistas que libertaram o Sul Global das garras do colonialismo e do imperialismo euro-atlântico no século XX.
A teoria do imperialismo de Lenin e sua concepção de partido de novo tipo são duas poderosas armas que nos deixou o revolucionário russo. Só com o seu estudo e a correta incorporação às lutas do século XXI, poderemos concluir a grande obra de emancipação humana deixada inacabada pelos pais e mártires do comunismo – Marx, Engels e Lenin!