ENRAIZAR A UNE NO COTIDIANO ESTUDANTIL, AVANÇAR POR UMA UNIVERSIDADE POPULAR!

ENRAIZAR A UNE NO COTIDIANO ESTUDANTIL, AVANÇAR POR UMA UNIVERSIDADE POPULAR!

Este ano teremos o CONUNE (Congresso Nacional dos Estudantes da UNE), o congresso responsável pela eleição de uma nova direção da maior entidade estudantil da América Latina. Apesar de sua força e potente história, a direção majoritária da entidade desde o começo dos anos 2000 vem construindo uma política de afastamento do cotidiano dos estudantes e negociatas por cima com empresas e governos. O congresso, além de eleger a nova direção da UNE, também busca decidir com os estudantes as nossas ações como movimento estudantil nos próximos dois anos, mas historicamente os debates que lá acontecem importam pouco para o nosso dia a dia.

Para isso, a nossa organização busca construir unidade com as mais diferentes organizações que se oponham à política imobilista e por vezes conservadora da majoritária da UNE, priorizando chapas e unidade com o campo da Oposição de Esquerda. Por este motivo, em São Paulo, onde todas as iniciativas e debates políticos ganham projeção nacional e força de atração para outros lugares do Brasil, decidimos por construir a chapa 1 – A USP não se rende: unidade é pra lutar. Esta é a única chapa que ao nosso ver consegue aglutinar setores críticos à majoritária e propor alternativas reais e consequentes para o movimento estudantil.

Entramos nesta chapa, construímos suas iniciativas e programa buscando aprofundar os laços do campo de oposição à direção da UNE, mas sem que isso signifique uma oposição ao governo federal. É preciso que os estudantes de todo Brasil tenham clareza que não há hoje alternativa ao governo federal que elegemos em 2022: não há possibilidade de construção de um governo com viabilidade eleitoral e política sem Lula, PT, PCdoB, Psol e tantas outras organizações de esquerda que compõem o governo.

Promover uma oposição “de esquerda” ao governo significa enfraquecê-lo, desorganizar a classe e colocar água no moinho da oposição que tem de fato força de massas, financeira e política – a oposição fascista do capital monopolista, dirigida pelos militares através de Bolsonaro, Tarcísio e do bolsonarismo em geral. Neste sentido, é necessário maturidade frente às críticas e disputas que faremos. É necessário defender veementemente iniciativas do governo que contenham o fechamento de regime, e mesmo as iniciativas de frações burguesas, como a atuação do STF contra Bolsonaro e todos os golpistas, buscando dar conteúdo e caráter popular à luta contra a anistia e contra a reciclagem das iniciativas e lideranças golpistas após o plano frustrado de assassinar integrantes dos três poderes e do 8 de janeiro. 

Ao mesmo tempo, apoiamos e unimos forças a iniciativas de organizações do governo e que também estão na majoritária, como a luta pela federalização de chacinas promovidas em governos fascistas e também do PT, que foi puxada pela organização adulta da JRdoPT. Construímos a luta e saudamos as diversas formas de combate pelo fim da jornada 6×1, com projeto de lei protocolado no Congresso pela deputada Erika Hilton – que faz parte de uma corrente do PSOL cada vez mais próxima da majoritária e construímos em unidade com todo o campo governista o plebiscito popular. Para nós isso é a construção na prática da frente única proletária contra o fascismo: unidade nas lutas para derrotar o fascismo, o nosso principal inimigo, e a defesa do governo frente aos ataques fascistas. É necessário fazer tudo que for possível para unificar o bloco de forças contra-hegemônico do nosso país, buscando mobilizar e organizar o povo para que o  governo deixe de capitular às posições de direita que hoje adota, como faz com os cortes no BPC, o contingenciamento de verbas para as universidadades federais, com a não revogação do Novo Ensino Médio, medidas que pioram as condições de vida da juventude e das massas trabalhadoras em geral. E dando cada vez menos espaço para os sabotadores burgueses que os companheiros do PT trouxeram erroneamente para dentro do governo.

No entanto, se frente à luta nacional contra o fascismo possuímos diversos pontos comuns com organizações da majoritária, e entendemos a importância de articular o bloco de forças contra-hegemônicas dentro e fora do governo, não é isso que está posto para a UNE.  A disputa da UNE não corre riscos de ser tomada pela direita e não há um ataque organizado das forças de repressão contra a entidade. Pelo contrário, o principal risco que a UNE corre é de ficar às margens da luta contra o fascismo, atuando como elemento desagregador do bloco contra-hegemônico.  É este risco que corremos quando PCdoB e PT, escolhem não dar vazão a mobilizações importantes e consequentes levadas a cabo por setores da base social que elegeu Lula, como foi com a greve das federais, da qual a majoritária se absteve. A mobilização do povo fortalece os elementos mais democráticos do governo Lula, não o enfraquecem, e sobretudo defendem o governo do avanço do fascismo

Também fortalecem o fascismo quando esses mesmos setores apoiam direta ou indiretamente diversos ataques do capital contra a educação, como a reforma do novo ensino médio, a política de inovação e empreendedorismo da USP, a transferência de tecnologia das universidades para empresas, e o cada vez maior aparelhamento do aparato público em benefício de poucos empresários nacionais e estrangeiros Seria muito importante e salutar uma reforma universitária! Mas só existe reforma quando os estudantes, professores, servidores, e sobretudo o povo identificam a necessidade de romper com as atuais amarras impostas pelo capital. Uma verdadeira reforma universitária, que avance na direção da construção de uma universidade popular, não acontece com a elaboração de meia dúzia de dirigentes estudantis e uma negociação com o governo. Pior, corre o risco de disfarçar como progressista novos ganhos para o capital.

Por isso, fazemos oposição à majoritária e construímos unidade com Juntos/MES e Correnteza/PCR nesta eleição. Certamente temos diferenças de táticas e estratégicas saudáveis, mas vemos na atuação parlamentar de Sâmia Bomfim e Glauber Braga e nas manifestações de Leo Péricles e diversos camaradas da UP exemplos positivos aos estudantes, contribuindo para a consolidação da frente única proletária. 

Buscamos desde o início das conversas democratizar o tão aparelhado e restrito processo eleitoral, que da forma que ocorre hoje – como tradição tanto da majoritária quanto da oposição – afasta e torna inviável a participação efetiva com possibilidade de opinião e decisão de estudantes não organizados. O processo eleitoral de DCE e CONUNE hoje na USP transforma os estudantes que não militam em organizações político-partidárias  em meros espectadores, que devem apoiar os partidos que lhe convencerem. Queremos diferente. Queremos que os estudantes sejam agentes políticos e ativos deste processo, que possam ter protagonismo, independente de filiação partidária ou não. Para a majoritária isso seria completamente exótico às suas concepções, uma vez que hoje veem muito mais o povo como alvo de políticas públicas do que agentes políticos, e as entidades estudantis como propriedade de organizações e partidos. Para a Oposição, é necessário democratizar a luta e aceitar o risco  de dar protagonismo aos estudantes mesmo que isso não traga novos membros para nossas fileiras. Devemos utilizar nossas organizações para impulsionar a luta, contribuindo para dar continuidade nos momentos de refluxo e desinteresse, e profundidade para além das pautas imediatas e mais simples nos momentos de maior engajamento e mobilização. Certamente cerramos fileiras na USP com aqueles que privilegiam a luta em detrimento das negociatas, aqueles que defendem os interesses do povo em detrimento do capital. Construíremos sempre unidade com todos aqueles que tiverem como tarefa principal contribuir com a elevação do nível de consciência estudantil e popular, e ingressaremos nas iniciativas que fomentarem a organização dos setores antiimperialistas, antimonopolistas e antilatifundiários.

Avançar por uma UNE combatente e aberta aos estudantes! Lutar, Criar Universidade Popular! Abaixo a política de inovação e empreendedorismo da burguesia!

Núcleo Carlos Marighella – Juventude Comunista Avançando, 29 de maio de 2025

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