Por um currículo crítico e prático! Por uma formação integral, política e técnica!

Por um currículo crítico e prático! Por uma formação integral, política e técnica!

Queremos não só entender a realidade, mas dar soluções reais para as necessidades mais sentidas do nosso povo! 

Tese da JCA ao congresso dos estudantes de geografia da USP

[JCA SP]

Por que discutimos currículo? É verdade que o currículo, por si só, não resolve nada. Nós podemos ter o melhor currículo, o mais bem escrito, mais revolucionário ou avançado, e ele pode mesmo assim ser letra morta. Não é porque algo está escrito no currículo que vai ser executado daquela forma. Mas quando os estudantes nos organizamos para, em conjunto, pensar o que queremos para nosso curso, estamos reivindicando a Geografia que queremos, e o mundo em que queremos atuar profissionalmente, nos somando a todas e todos aqueles que trabalham para sobreviver. Imediatamente, o currículo pode se tornar uma ferramenta de apoio para nós: se alguma ideia ou reivindicação está lá, podemos exigir que elas sejam cumpridas. O currículo também é a ferramenta que nos permite intervir e opinar sobre os concursos docentes em andamento, sobre as prioridades para o nosso curso e para a geografia nacional, entre outras coisas.

Os estudantes são a alma da universidade. Somos a maioria das milhares de pessoas que caminham pelo campus todos os dias. E somos nós que movimentamos e dinamizamos em grande parte a vida política e acadêmica da universidade. É verdade que os estudantes não farão uma revolução sozinhos (e nem poderiam), assim como a universidade não pode substituir os sindicatos ou movimentos sociais. Mas o movimento estudantil e a universidade podem (e muito!) servir de suporte, de liga e de pólvora, para as lutas dos sindicatos e dos movimentos populares na cidade e no campo. O movimento estudantil, com toda a sua irreverência e dinâmica, pode (e deve!) trazer as lutas populares para dentro da universidade e conectar o trabalho dos geógrafos com as demandas reais da sociedade. Isso é condição para que a universidade deixe de ser um lugar de formação técnica da burguesia, tornando-se também um espaço de luta, reflexão crítica e transformação social para as classes populares.

Reforçamos isso porque nossos currículos também estão em disputa. Desde 2020, há tentativas do governo federal (mediadas pela sra. Elizabeth Guedes, vice-presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas) de mudar as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) em Geografia, e criar cursos “tecnólogos” em geografia. Na prática, o que visam é criar ferramentas para facilitar a entrada de empresas de geomarketing, mineradoras, empreiteiras e da agroindústria nos cursos, dividindo o orçamento dos departamentos e separando mecanicamente os “pesquisadores” (bacharéis) dos “trabalhadores” (técnicos). Nessa mesma linha trabalham aqueles que advogam pela separação entre os cursos de bacharelado e licenciatura, como se os professores não fôssemos também pesquisadores!

Trata-se de um problema do “trabalho técnico”? Deveríamos nós, geógrafos, abandonar a “tecnocracia” do geoprocessamento, e sermos “mais críticos”? Nós entendemos que não se trata de ser “mais críticos” em abstrato, mas sim de conseguirmos atuar concretamente junto ao nosso povo.

O trabalho técnico em geografia, como as atividades de quantificação e mapeamento, são ferramentas extremamente úteis para pensar e atuar no mundo. Com elas podemos planejar territórios, prever riscos de inundação, deslizamentos, visualizar, educar e identificar problemas de natureza geográfica e espacial, etc. O problema não está em adquirir essas habilidades, mas em como elas são utilizadas e para quem elas servem. Quando essas práticas não estão ligadas às lutas do povo e à transformação social, os estudantes e profissionais da geografia acabam sendo cooptados por aquelas mesmas empresas de geomarketing, pela agroindústria e por outros setores que só visam o lucro e a exploração do nosso trabalho. Muitos dos nossos vão para esses empregos não por falta de convicção na luta popular, mas porque enxergam ali uma aplicação prática do seu trabalho, ou simplesmente porque precisam do dinheiro para sobreviver!

Nós reivindicamos a herança de 1978, da ruptura crítica, dos estudantes e trabalhadores que lutaram por uma geografia que falasse dos problemas sociais do nosso povo. Reivindicamos tudo: seus resultados, pontos positivos e negativos! Certamente, não cabe nos aprofundarmos nesse assunto aqui. Mas vale dizer o seguinte: a geografia crítica fez uma aposta na luta do povo. Se a geografia brasileira não conseguir construir trabalho junto ao povo, se ela não sair da “crítica crítica crítica” e usar de todo o seu aparato, técnico, epistemológico, teórico, político, para contribuir com as comunidades, favelas, assentamentos, etc. ela estará fadada ao fracasso. E aqui não falamos só de um trabalho de campo na graduação, que vamos uma vez e nunca mais voltamos. Falamos de trabalho permanente, integrado não só aos programas de disciplinas, mas ao próprio projeto pedagógico. Falamos de permitir que as lutas populares façam parte do dia a dia político, teórico e curricular do nosso curso.

Tratamos do projeto pedagógico porque, apesar do nosso curso ter muitas disciplinas e elementos progressistas, e importantes na nossa vinculação com o povo, é claro que esse vínculo tem limites. É comum que a gente vá, em uma disciplina, uma única vez a assentamentos ou favelas e nunca mais voltemos. Mas para contribuir de fato com esses lugares, colocando a serviço dos assentados, dos moradores das favelas, das ocupações, o conhecimento que adquirimos no curso, temos que estar presentes nesses territórios de forma contínua, ao longo de toda a nossa graduação! 

Frequentemente nos vemos em situações políticas em que sabemos criticar (com razão!) o papel do Estado na repressão das comunidades periféricas, mas não sabemos propor saídas, sejam elas em geografia física (com risco geomorfológico) ou humana (na regularização e resistência à reintegração de posse, por exemplo). Esse é um problema evidente, mas que não tem remédio em lugar nenhum — nem mesmo no nosso projeto pedagógico. 

No Projeto Pedagógico escrito em 2019, na pág 21, ponto 6.1.3, está exposto o seguinte: 

No curso de Geografia, as Práticas como Componente Curricular tem como objetivo possibilitar aos estudantes o contato com situações que coloquem em diálogo o conhecimento construído na universidade com os desafios da prática profissional do professor de geografia no mundo contemporâneo. As Práticas como Componente Curricular complementam a formação de professores, envolvendo pesquisa e utilização de técnicas e instrumentos, entre outras possíveis atividades que se somam às aulas expositivas dos docentes responsáveis pelas respectivas disciplinas. O pressuposto que deve nortear o desenvolvimento dessas práticas é o de que a formação de um professor envolve mais que apenas a assimilação de conteúdos específicos da disciplina, mas também o desenvolvimento de competências para o exercício da docência, aos seus futuros alunos, dos conhecimentos adquiridos. A partir deste objetivo, os docentes das disciplinas com carga destinada a PCCs [disciplinas obrigatórias] desenvolvem diferentes atividades, descritas nas ementas das disciplinas. Entre tais atividades, estão: elaboração de sequências didáticas, análise de livros, materiais e currículos de geografia da Educação Básica, trabalhos de campo e produção de materiais didáticos, entrevista com alunos e professores da educação básica. Os resultados das atividades de PCCs desenvolvidas pelos estudantes são apresentadas para a comunidade interna e externa do Departamento de Geografia em dois momentos no ano letivo. No primeiro semestre, durante a Jornada de Geoensino e no segundo semestre na Semana de Geografia, seja através de rodas de conversa, que envolvem alunos e professores da universidade e da escola básica, seja através de exposições audiovisuais dos resultados produzidos. 

Em outras palavras, em toda disciplina obrigatória é indicado que os professores devem desenvolver entre 12h e 20h de atividades sobre docência e educação em geografia. Nisto aprendemos sobre educação quilombola, cartografia inclusiva, educação de imigrantes que residem no Brasil, etc. Por que não fazemos o mesmo com o planejamento e com as lutas populares que tanto estudamos? Por que não fazer com que, em cada disciplina, tenhamos que desenvolver um trabalho que pense nosso aprendizado em relação a um problema concreto de uma comunidade, favela, assentamento, reserva ambiental, propondo soluções a eles, vinculado à disciplina em questão, seja ela climatologia ou geografia econômica? 

Hoje, em nossos TGIs, trabalhos, pesquisas, sabemos tão bem fazer a crítica do planejamento burguês. Por que não ir além? Por que não incentivar que desenvolvamos políticas vinculadas às bases dos lugares que estamos (assentamentos, favelas, cortiços, bairros, etc.), visando resolver problemas práticos de organização e qualidade de vida? 

É totalmente possível incluir nas Práticas como Componente Curricular do Projeto pedagógico, os “Projetos de Intervenção”. Isto é, a elaboração de projetos que respondam a problemas práticos das comunidades em que nos inserimos. Queremos desenvolver, em cada matéria que fazemos, propostas de política pública, de legislação, de preservação de áreas naturais, de regulamentação de terrenos, de mutirões, etc., ou seja, de intervenção junto aos setores historicamente marginalizados. O intuito é que possamos experimentar a proposição de soluções práticas, embasadas em nossa formação teórica e técnica, a partir das demandas dos interlocutores em cada um desses locais, de forma que os produtos finais das nossas disciplinas possam ser devolvidos às comunidades. 

A geografia pode contribuir diretamente para melhorar as condições dessas pessoas. Aliás, essa é a condição da sua existência na forma como está! Mas para isso, ela precisa ser uma ciência com os pés no chão, que consiga atuar diretamente para transformar a realidade. O desafio não é a geografia tentar resolver todos os problemas sozinha, como uma ciência “mais adequada” para entender o mundo, mas que a geografia consiga ser mais uma das ferramentas para elevar as condições de vida do povo. 

É verdade que hoje nosso currículo tem elementos muito avançados, ligados a assentamentos e movimentos sociais. Mas esse trabalho está longe de ser permanente e, no limite, ele depende de um ou outro professor, e só ocorre pontualmente no decorrer do ano letivo. Hoje, não existe na geografia nacional (nem em nosso departamento) um projeto da geografia que queremos para o país. Não conseguimos nos vincular de forma efetiva, profunda e permanente com a maior parte das necessidades do nosso povo, muito menos com as entidades de luta que englobam muitos dos geógrafos do país. Quando não conseguimos cumprir essas tarefas, quando não conseguimos ter clareza de quem são nossos aliados e como podemos ajudá-los, não damos consequência para toda a disposição de mudar o mundo que há no nosso departamento.  Assim, nossos grupos mais dispostos, progressistas, críticos e revolucionários ficam isolados entre si, brigando uns contra os outros em seus laboratórios para ver quem terá mais claros docentes que garantam a continuidade das suas pesquisas. 

Sem um vínculo com a realidade em seu sentido prático, não conseguimos pensar a geografia como algo real, ou como ela pode acumular vitórias e contribuir com as necessidades mais imediatas para a sobrevivência dos de baixo. Sem esse vínculo, não conseguimos ver a geografia em sua totalidade — sua totalidade que não se desenvolve na cabeça desse ou daquele geógrafo individualmente, mas se prova na prática do dia a dia. No fim, ficamos no campo do abstrato, da “crítica”, e acumulamos derrotas. Ficamos na situação em que estamos hoje: pressionados por tecnocratas de direita, lutando para garantir o mínimo: os trabalhos de campo!

Não temos dúvida de que só esse trabalho permanente, técnico e político, consegue atrair massas de estudantes, pós-graduandos e até professores para a luta universitária, estudantil e sindical; não temos dúvida de que só assim podemos avançar! 

O papel do currículo deve ser este: o de melhorar nossa formação técnica (de geoprocessamento, cartografia, trabalho de campo, geomorfologia, geologia, planejamento, biogeografia, climatologia, urbana, agrária, etc.) e vinculá-la com a base política e epistemológica do nosso curso: as lutas populares e operárias. 

É evidente que isso não se faz só com projeto pedagógico. É importante também que construamos as bases para uma forma permanente de organização estudantil para aplicar nosso trabalho técnico e político para fora da USP, podendo devolver para a sociedade aquilo que aprendemos e exercitamos na universidade. A extensão universitária cumpre esse papel e deve ser tensionada para que atenda aos interesses dos mais diversos setores populares do país. Hoje, com o avanço da curricularização da extensão na USP é importante ter claro quais são os seus objetivos e a quem queremos que ela sirva. Se uma defesa abstrata da extensão for a norma, os representantes do capital dentro da USP vão abocanhar para eles a extensão, que terá cara, focinho e cheiro do mercado. Os hubs de inovação, as empresas juniores, as start-ups, são todas elaboradas sob o chapéu da extensão, mas trata-se de uma falsa extensão. A extensão mercadológica não é capaz de devolver à sociedade a sua produção, pois não se interessa pelos problemas da maioria, senão com os de meia dúzia!

Recentemente, nossos trabalhos de campo foram caracterizados, pelo projeto acadêmico 2024 – 2027 do Departamento de Geografia, como extensão, como resposta às imposições de Curricularização da Extensão. Transformando os campos em extensão, a ideia dos professores do departamento era que a verba para essas atividades estivesse garantida. Vemos honestidade na manobra dos professores, mas isso está longe de ser uma solução, mesmo no curto prazo. A falta de verbas para campo não é um “erro burocrático”, que pode ser resolvido na canetada. É um ataque direto ao currículo da geografia! E, sendo extensão ou não, os campos seguirão sendo atacados, seja pelo controle da reitoria do acesso aos ônibus de viagem, do valor destinado a diárias, ou ainda tantas outras ferramentas, burocráticas ou não, que podem ser utilizadas. 

A extensão não pode ser utilizada para burocraticamente complementar as horas reservadas a ela com trabalho de campo. Os nossos trabalhos de campo são justos e se justificam por si só, como parte constituinte e fundamental para a nossa formação! Não precisamos de quaisquer subterfúgios para reivindicá-los. 

Além disso, há uma diferença entre os trabalhos de campo e as atividades extensionistas: enquanto os trabalhos de campo dizem respeito sobretudo a atividades voltadas para a nossa própria formação, como um espaço em que podemos experimentar e praticar os conhecimentos adquiridos em sala de aula, a extensão deve servir sobretudo para colocar o conhecimento produzido na universidade a serviço da sociedade, estreitando os vínculos entre esta e a universidade.

Os 10% da carga horária destinadas à extensão devem servir como mola para fomentar as mais diversas atividades extensionistas, sempre que possível vinculando-as aos movimentos populares, escolas públicas, associações de moradores de bairros e favelas, assentamentos e ocupações. A Semana da Geografia é exemplar nesse sentido, e há muito mais que o nosso curso pode se organizar para, ouvindo os interlocutores nos territórios, colocar à disposição o conhecimento prático e teórico que acumulamos historicamente no curso de Geografia da USP e na Geografia nacional.   

A luta pela garantia dos nossos trabalhos de campo, tanto sua execução como elaboração, está no centro do currículo e da política do Departamento de Geografia. Eles não são extensão ou “passeios”, mas sim o coração do nosso curso. A frase “a geografia também se faz com os pés”, atribuída ao  alemão-brasileiro Heidemann, tão popular entre estudantes e professores, nos lembra da importância do contato direto com os territórios para entender a realidade. Não dá para conhecer profundamente um lugar apenas por livros ou imagens, porque isso sempre envolve interpretações feitas por outras pessoas. Estudar um território exige estar nele, caminhar, observar e sentir suas dinâmicas. Isso se aplica tanto ao Brasil quanto a outros lugares do mundo, como a África, que muitas vezes é estudada a partir de fontes europeias e estadunidenses. Para construir uma geografia crítica, voltada para os interesses do povo, precisamos conhecer os territórios e suas realidades, e isso só acontece de verdade com os pés no chão, através de trabalhos de campo.

Todo semestre sofremos ataques aos trabalhos de campo. Às vezes, esses ataques afetam direto as diárias dos campos, questionam as disciplinas do curso e a necessidade desse tipo de atividade. Mas, de outro modo, muitas vezes somos atacados pela nossa dependência do aluguel de ônibus, que não beneficia ninguém senão os próprios amigos empresários do reitor. Ficamos sem ter como ir às atividades por “atrasos nas licitações” ou pela simples falta de carros disponíveis! E quando vamos à seção de veículos da FFLCH, nos deparamos com a realidade triste daqueles trabalhadores do setor: menos de meia dúzia, extremamente sobrecarregados de trabalho.

Na prática, a falta de trabalhos de campo diminuiu o engajamento dos estudantes com a geografia. Essa desconexão enfraquece a profissão, com geógrafos sendo substituídos por outros profissionais que se envolvem mais diretamente com a realidade prática, como arquitetos e engenheiros. No fundamento, a função dos ataques aos campos está em impor, de cima para baixo, o que deve ser o currículo da geografia. Os grupos empresariais, petroleiras, mineradoras e empresas de geomarketing, bem como o sr. reitor Carlotti e seus associados, não têm interesse em formar geógrafos vinculados às necessidades nacionais reais. Seu interesse está em formar tecnocratas; em sequestrar nossa formação técnica e integrar à geografia nacional os valores do mercado (normalmente sob as bandeiras da “inovação” e do “empreendedorismo”).  

Portanto, é fundamental lutarmos por mais investimentos em trabalhos de campo, pela contratação de motoristas próprios e pela compra de novos ônibus, para que os estudantes de geografia possam continuar colocando os pés nos territórios e conhecendo de perto a realidade que estudam. É só com um ônibus próprio e com motoristas concursados que poderemos cortar parte deste laço que nos amarra à política da reitoria e das empresas; só com isso teremos mais autonomia para decidir onde iremos e como iremos. 

Resoluções

  1. Reivindicamos, com seus avanços e problemas, a geografia da ruptura crítica de 1978. Reivindicamos uma geografia crítica e prática! Isto é, uma geografia que consiga criticar a realidade, mas sobretudo propor e construir saídas concretas, atuando na realidade. 
  1. A formação em Geografia deve ser completa, integral e não-parcelar. A proposta de reforma das Diretrizes Curriculares Nacionais de Geografia (DCN), que cria os tecnólogos em geografia é uma proposta simplificadora para a formação de geógrafos no país, buscando produzir uma formação aligeirada e voltada aos interesses do grande capital. A separação entre “bacharéis” e “técnicos” não nos interessa, bem como aquela entre “licenciatura” e “bacharelado”: os professores somos também pesquisadores! Queremos uma formação crítica, técnica e política, com um sentido prático profundo!
  1. A Universidade que queremos é a Universidade Popular: uma universidade que consiga se vincular ao povo brasileiro e contribuir para as suas lutas contra a opressão da grande burguesia! Na geografia, queremos um currículo mais prático, que consiga ir de encontro ao povo para resolver seus problemas e somar nas suas lutas!
  1. Criar, dentro das “Práticas como Componente Curricular” (PCC) do Projeto Pedagógico, a realização de “Projetos de Intervenção” em cada disciplina. Isto é, a elaboração de projetos que respondam a problemas práticos das comunidades em que nos inserimos. Queremos desenvolver, em cada matéria que fazemos, propostas de política pública, de legislação, de preservação de áreas naturais, de regulamentação de terrenos, de mutirões, etc., ou seja, de intervenção junto aos setores historicamente marginalizados. O intuito é que possamos experimentar a proposição de soluções práticas, embasadas em nossa formação teórica e técnica, a partir das demandas dos interlocutores em cada um desses locais, de forma que os produtos finais das nossas disciplinas possam ser devolvidos às comunidades. 
  1. Nossos trabalhos de campo não são extensão! Eles cumprem outra função, o que não os faz menos importantes. Nossa luta imediata para defendê-los passa por conquistar um ônibus próprio e um motorista concursado para a geografia!
  1. A curricularização da extensão é um passo importante para estreitar a relação da universidade com a sociedade. Os 10% da carga horária destinados à extensão devem servir como mola para fomentar as mais diversas atividades extensionistas, sempre que possível vinculando-as aos movimentos populares, escolas públicas, associações de moradores de bairros e favelas, assentamentos e ocupações. A Semana da Geografia é exemplar nesse sentido, e há muito mais que o nosso curso pode se organizar para, ouvindo os interlocutores nos territórios, colocar à disposição o conhecimento prático e teórico que acumulamos historicamente no curso de Geografia da USP e na Geografia nacional.   
  1. O Estágio não-obrigatório é, para muitos estudantes, cada vez mais, uma forma de sustento, e de suprir as debilidades do currículo e de uma experiência universitária deformada pela pobreza e excesso de trabalho. Defendemos que esteja claro no projeto pedagógico: desempenho acadêmico (em especial reprovações) não podem ser critério para a aprovação desses estágios por parte do Departamento de Geografia!

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Juventude Comunista Avançando

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