A FALTA DE PROFESSORES É PROJETO: RUMO À GREVE NA USP!

A FALTA DE PROFESSORES É PROJETO: RUMO À GREVE NA USP!

As condições de nos mantermos na USP estão cada vez mais difíceis: no começo do ano o Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE) não foi pago, e muitos estudantes não foram contemplados pelo auxílio. E apesar de ter orçamento recorde e terminar o ano passado com milhões em caixa que foram devolvidos para o estado, a resposta da reitoria foi criar um programa de auxílio à permanência com capital privado do Santander e Itaú, o USP Diversa, e lavar as mãos para suas responsabilidades com os estudantes! As condições de moradia do CRUSP, com um problema histórico de lotação e falta de infra-estrutura, são respondidas pela Pró Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP) com a expulsão de moradores de suas casas em prazos irreais, inclusive trocando a fechadura das portas dos moradores sem estabelecer nenhum diálogo! E a falta de professores vem se tornando mais grave semana a semana em muitos institutos, com cursos beirando o fechamento!

A luta por contratação de professores e pela volta do gatilho automático de contratações vem tomando corpo em vários cursos e unidades, como é o caso da Letras, ECA, EACH, Geografia. 

Nós da Juventude Comunista Avançando (JCA) compreendemos que o processo de luta e construção de GREVE é urgente, visto as respostas dadas pela reitoria em relação às nossas demandas. São respostas que estão longe de corresponder à realidade em que se encontra o nosso quadro de professores na universidade! 

Exemplo disso é a antecipação de 35 docentes para a FFLCH logo após uma grande paralisação na Letras, número que está longe do necessário apenas para esse curso, que é só um dos cursos da FFLCH, e que em seu dossiê inicial exigia no mínimo 80 professores para recompor seu quadro docente. Na Geografia, a situação é semelhante: a reitoria semestre após semestre vem atacando os trabalhos de campo, fundamentais à nossa formação. As disciplinas optativas são cada vez menos oferecidas, reduzidas na medida em que concursos não são abertos. Três dos nossos seis estágios supervisionados não são oferecidos desde 2010! Nesse mesmo ano, tínhamos 54 professores no DG. Hoje esse número está reduzido a 39. 

Este é um projeto de longa data de destruição da universidade como a conhecemos hoje: pública, gratuita e de qualidade. Quando um quadro docente não possui professores suficientes – como é o caso escandaloso da habilitação de coreano no curso de Letras, no qual 1 professora sozinha tem que dar conta de toda a graduação – a sobrecarga dos professores é evidente. 

Essa situação se agravou muito desde 2011, quando o gatilho automático de contratações caiu. Ele era o que garantia que a cada vez que um professor se aposentar-se ou deixasse a universidade, outro concurso fosse automaticamente aberto. Com o gatilho, uma estabilidade mínima do quadro docente da Universidade era mantido. Os dados levantados pelos estudantes em diversos cursos mostram que depois que o gatilho caiu, o número de professores em cada departamento também caiu. 

Uma universidade com poucos professores é uma universidade adoecedora, os professores adoecem e os alunos sofrem as consequências: não conseguimos nos formar no tempo programado, nossos prazos para renovar estágio e conseguir empregos mais estáveis são afetados, somos obrigados a cursar as mesmas poucas disciplinas optativas (quando elas são abertas!), assistimos aulas em salas lotadas, a nossa pesquisa e extensão ficam comprometidas.  

As garras do capital nas universidades brasileiras vêm aos poucos se inserindo no nosso cotidiano de maneira camuflada pelos termos de uma “Política de Inovação”. No final da gestão da reitoria de 2021, foi aprovado um “quarto pilar” para a USP, mas que na verdade é uma bomba-relógio sob o binômio “empreendedorismo e inovação”.

E como resultado desta bomba temos a reitoria privatista de Carlotti e Maria Arminda, que anunciaram um processo meritocrático para distribuição de 63 novos docentes, e adivinhem só! Os critérios de avaliação dão ênfase à “avaliação da proposta de acordo com os seguintes princípios: visão de futuro demonstrada; previsão de impacto da contratação; perspectiva inovadora para o ensino, pesquisa e inovação e cultura e extensão”. Contudo, como a banca avaliadora vai definir qual é a visão de futuro “correta”, “inovadora”? A quais interesses essa visão vai servir, aos monopólios, que já vêm cavando espaço dentro da nossa universidade, ou aos verdadeiros interesses do nosso povo? 

Ou seja, enquanto estamos urgentemente precisando de professores, a reitoria abre ressalvas, principalmente para cursos que atendem mais diretamente aos interesses do grande capital, através da cortina do “mérito”. O que está em jogo é uma verdadeira política de transferência de professores de alguns institutos, como é o caso da FFLCH e da ECA, para outros! Enquanto isso, esses e outros cursos fundamentais à produção científica, artística, crítica e tecnológica estão sendo destruídos. 

Portanto, entrar em greve é a nossa maior arma contra o desmonte e a refuncionalização da nossa universidade. Lutar pela contratação de professores também é lutar por permanência! É reivindicar que a USP que queremos nos dê condições dignas de entrar, permanecer, e nos formar com currículos que nos deem as ferramentas que sirvam ao enfrentamento dos problemas dos nossos bairros, das nossas famílias e do nosso povo. 

Nesta GREVE precisamos ocupar as salas de aula, fazer debates, juntar com os professores e exigir nossos direitos. É urgente que o gatilho automático de contratações retorne, e para isto devemos estar preparados para ocupar a USP e avançar vitoriosos nessa luta!

Pela volta do gatilho automático de contratações!

Pelo fim da Política de Inovação da USP!

A luta é por uma universidade popular!

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@acoluna35 

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