Grupo de Estudos Candeeiro recebe José Genoíno para aula magna na USP
Na quarta-feira (5/10), o Grupo de Estudos Candeeiro recebe José Genoíno para uma aula magna sobre a questão militar no Brasil. Com o esforço de debater a influência das Forças Armadas na história e nos rumos da política brasileira, o grupo chega ao terceiro encontro de debates. Depois de estudar a presença militar na formação da I República, a ditadura e a redemocratização, agora o foco será analisar o papel dos oficiais que comandaram Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), a partir de 2004, na desestabilização do segundo governo de Dilma Rousseff e na promoção do golpe de Estado de 2016. O espaço será presencial e aberto a pessoas que não estejam inscritas no Grupo Candeeiro.
José Genoíno é um importante personagem político da história do Brasil. Foi presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) entre 2003 e 2005, e deputado federal em cinco ocasiões, representando o estado de São Paulo.
Genoíno é natural da comunidade de Várzea Redonda, município de Quixeramobim, Ceará.Estudou filosofia e direito, sem concluir os cursos e iniciou sua vida política ainda no movimento estudantil, integrando a União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 1964 mudou-se para a capital, Fortaleza, e quatro anos mais tarde, aos 22 anos de idade ingressou no Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Em dezembro de 1968, com o assinatura do Ato Institucional nº5 (AI5), Genoíno passa a viver na clandestinidade e se muda para São Paulo, onde planejou, junto com seus camaradas, o início da guerrilha do Araguaia.
Sob o codinome de “Geraldo”, José Genoíno liderou um destacamento guerrilheiro entre 1970 e 1972, quando o movimento insurgente, que se organizou nas margens do Rio Araguaia, entre os estados do Pará, Maranhão e Goiás, foi duramente reprimido pela ditadura militar. Foi liberado somente em 1977 e ganhou anistia em 1979, quando deixou o PCdoB e participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT).
Esta não foi a única ocasião em que Genoíno enfrentou a repressão do Estado. Em 2007, ele foi um dos líderes políticos envolvidos num dos primeiros casos de lawfare contra o PT, o chamado Mensalão (Ação Penal 470). O ex-presidente do partido foi condenado a 6 anos e 11 meses de detenção pelos supostos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.
José Genoíno entregou-se à Polícia Federal e chegou a cumprir prisão em regime fechado e semi-aberto por mais de 6 anos. Já em 2020, a 3ª turma do Tribunal Regional Federal de Brasília inocentou o ex-presidente do PT dos crimes de falsidade ideológica na Ação Penal 470. A anulação da sentença foi proferida 15 anos após o início do processo, e foi um desdobramento do caso julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Nos últimos anos, Genoíno manteve sua militância ativa, participando de distintos fóruns e, mais recentemente, contribuindo com a candidatura de Lula à presidência do Brasil.
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O que: Aula Magna com José Genoíno sobre o papel dos militares desde a Minustah até o golpe de 2016
Quando: 5/10 – quarta-feira – 19h30
Onde: Sala 06 – Geografia USP