A luta pela vida e dignidade, nossa tarefa central e decisiva

A luta pela vida e dignidade, nossa tarefa central e decisiva

Completando um ano, a pandemia atinge momentos cada vez mais dramáticos em todo o país. O Brasil se vê sufocado pela política genocida do governo Bolsonaro que passa pela agenda econômica entreguista e privatista de Guedes, seguindo os interesses da burguesia e capital financeiro internacional, pela retirada de direitos do povo e pelo descaso deliberado de política de morte na gestão da pandemia. O presidente é o responsável direto pelas 260 mil mortes decorrentes do coronavírus e o colapso dos hospitais. A vacinação em massa e lockdown com auxílio emergencial são as únicas medidas efetivas que podem conter o avanço do vírus, mas Bolsonaro, longe de buscar promover qualquer medida de contenção, segue com seu discurso negacionista contra a pandemia. 

Assim como Bolsonaro, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés, e o prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, rifam a vida da população se eximindo da responsabilidade e não tomando medidas efetivas de combate à pandemia sob o pretexto de salvar a economia, sinalizando para as vontades dos empresários que colocam o lucro acima da vida. Moisés e Gean Loureiro podem até ter ensaiado gestões mais comprometidas em 2020, no início da pandemia, mas logo cederam à pressão da burguesia catarinense. Visando as eleições municipais, o candidato do DEM à prefeitura segurou as restrições até pouco tempo antes do pleito, incorporando um discurso de que tentou o que era possível, mas de que ele já não tinha opção senão o afrouxamento das medidas. O número “estável” de casos em Florianópolis, mesmo com tudo funcionando, foi utilizado como propaganda por Gean e para fortalecer a posição dos grandes empresários.. Esta aliança, junto de posturas conciliatórias e diversas obras públicas, notadamente a “Operação Asfaltaço”, permitiu a vitória a Gean ainda em primeiro turno no pleito municipal de 2020, e hoje ele governa com o apoio dos outros representantes da burguesia na cidade.

Se ontem havia alguma cautela (mesmo que só na aparência), hoje Gean mostra toda sua preocupação ao viajar de férias para Cancun no pior momento da pandemia em Florianópolis. Após a repercussão negativa, a prefeitura tratou de limpar sua imagem e ativar seus marqueteiros de plantão para dizer que Florianópolis está fazendo muito contra a pandemia. Colocar uma máscara no logo da prefeitura não resolve os graves problemas de saúde pública enfrentados, adiar as aulas somente da rede municipal enquanto permite a abertura das escolas privadas não deixa de colocar em risco professores, alunos e seus familiares. Gean e Moisés buscam tapar o sol com peneira com medidas de fechamento de estabelecimentos apenas depois das 22h, mantendo bares abertos, sem fiscalização das praias, diminuindo a oferta de ônibus, consequentemente aumentando a lotação, além da realização malfeita de um “lockdown” somente no final de semana. Resultado disso: o colapso da rede de saúde em SC, sem leitos de UTI disponíveis na rede pública e na privada e com filas de espera na casa das centenas. Mais de duas mil pessoas faleceram de COVID-19 no estado somente nos dois primeiros meses de 2021.

O tratamento de Gean Loureiro e seus aliados aos trabalhadores é violento. Para que não restem dúvidas com relação a isso, o prefeito se esforça para mostrar à oligarquia catarinense que pode confiar em sua perversidade e oportunismo: o que já presenciamos no mandato passado agora se repete. Aproveita-se das limitações impostas pela pandemia para atacar os trabalhadores e a sua organização, uma das primeiras medidas do prefeito este ano foi o envio de um pacotaço, com pedido de urgência para o legislativo municipal, compilando uma série de propostas que visam o enfraquecimento e definhamento do serviço público municipal, da estabilidade e direitos das e dos servidores e  quando não um ataque direto a sua existência, como no caso da proposta aprovada sobre a COMCAP, que na prática privatiza a autarquia. 

O projeto caminha para a terceirização e privatização da companhia, entregando o serviço de coleta de lixo para empresas privadas, reduzindo a renda dos trabalhadores, limitando a quantidade de assembleias sindicais, e até retirando o buffet que garantia comida quente aos trabalhadores noturnos. Os trabalhadores da autarquia que prestam um serviço de excelência mesmo durante a pandemia, recorrentemente têm de lutar contra o prefeito reeleito por condições mínimas de trabalho, sendo ferozmente atacados por colunistas da mídia catarinense que não pensam duas vezes antes de sair em defesa das barbaridades defendidas por Gean. Apesar de não ter conseguido revogar a lei contra a COMCAP, a organização dos trabalhadores se mostrou firme e coesa contra a violência da prefeitura e a perseguição política contra o Sindicato. Por meio de negociação com a prefeitura, após 18 dias de uma forte greve, o Sintrasem conseguiu reverter a abertura de sindicâncias contra os funcionários envolvidos na greve e desbancar o ataque pessoal da prefeitura contra os dirigentes do sindicato.

Agora, as classes dominantes pressionam pelo retorno das aulas presenciais, sem que se tenham condições sanitárias apropriadas para uma volta segura. Com a reabertura das escolas, só na rede pública de Florianópolis são cerca de 35 mil alunos e 6 mil trabalhadores que se sujeitarão às salas sem isolamento adequado, potencializando a contaminação, e sem sombra de dúvidas agravando a já calamitosa situação da cidade. Em assembleia do dia 08 de março, os trabalhadores da PMF decretaram estado de greve, reivindicando uma série de exigências para o retorno seguro das aulas (http://bit.ly/resolucaoPMF), também encaminhando a realização de uma nova assembleia no dia 19 de março, com proposta de deliberação de greve caso o governo Gean persista com a reabertura das escolas sem condições sanitárias adequadas. 

Bem sabemos que o país sofre e, mais do que o país, sofre o povo.Por isso precisamos de medidas efetivas de combate à pandemia — que sejam capazes de assegurar a vida e a sobrevivência digna da população, o que passa pelo controle e contenção do vírus por meio da testagem e vacinação em massa, lockdown, suspensão de atividades não essenciais e auxílio emergencial, em suma, medidas capazes de frear o avanço do vírus e impedir o colapso do sistema de saúde, poupando milhares de vidas. Urge que o prefeito de Florianópolis adote as seguintes medidas:

– Testagem em massa e isolamento de pessoas infectadas;

– Suspensão das aulas presenciais na rede privada e adiamento do retorno presencial na rede pública;

– Distribuição gratuita de máscaras efetivas para moradores em situação de rua e população em vulnerabilidade socioeconômica;

– Lockdown de duas semanas com fechamento de todos os serviços não essenciais, com atraso do envio das contas referentes ao período, apoio para micro e pequenos empresários, mitigando o fato de estarem com o comércio de portas fechadas e auxílio emergencial municipal para a população a exemplo do que foi implementado em Belém-PA.

– Valorização dos servidores e serviço público, revogando o pacotaço de maldades aprovado pela Câmara de Vereadores no início do ano.

Florianópolis, 16 de março de 2021. 

Juventude Comunista Avançando – Florianópolis


Via JCA.

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