A causa da humanidade perdeu um grande combatente – camarada Pinheirão, presente
No dia de hoje, 03 de julho de 2020, faleceu o camarada Luiz Carlos Pinheiro Machado, o Pinheirão. O dia do seu óbito coincide com o seu natalício. Ele completaria hoje 92 anos. A mesma idade com que outros comunistas de peso, como Prestes e Manuel Alves Ribeiro (Mimo) também desapareceram fisicamente.
Todos os que conviveram com ele, seja no âmbito profissional, na vida pessoal ou na militância política, têm algum causo marcante para relatar. Ou talvez relembram de sua personalidade arrojada e seu espírito de moço.
Ainda jovem, Pinheirão já estava na militância comunista na década de 1940. Era recorrente em sua fala os relatos das panfletagens nos bondes de Porto Alegre pela campanha do “Petróleo é nosso”, ou contra o envio de tropas brasileiras na Guerra da Coreia. Contava sua experiência com grande entusiasmo e vivacidade. Sua memória parecia ter sido para sempre marcada pelas notícias do rádio vindas da frente oriental da 2ª Guerra Mundial, em que o Exército Vermelho, ao custo de grande sacrifício, expulsou as hordas nazistas da pátria do socialismo. Pinheirão já desde jovem havia assumido para si a causa da emancipação da humanidade, algo que sabia só ser possível pela via socialismo.
Mas a identificação de Pinheirão com a causa da humanidade ficou evidente também pelo seu trabalho profissional incansável. Ele era agrônomo. Profissão cara ao Brasil e aos povos campesinos da América Latina que ainda convivem, em muitos países com o despotismo político e econômico do latifúndio. Como tal, era um defensor da agroecologia e da possibilidade de produzir alimentos sem veneno em larga escala. Atuou em projetos Chile, Argentina, Uruguai, Colômbia, Paraguai, Venezuela e Cuba. Foi um dos fundadores e divulgadores do PRV (Pastoreio Racional Voisin), técnica na criação de gado que visa aumentar a produtividade, a fertilidade e a preservar o meio-ambiente ao mesmo tempo.
Como comunista e agrônomo, Pinheirão foi um defensor da reforma agrária e das lutas camponesas no Brasil. E colaborou de forma prática e muito próxima a implementação de vários projetos em assentamentos da reforma agrária organizados e coordenados pelo MST.
Pinheirão foi professor, cientista, criador e comunista, mas acima de tudo foi muito humano. Todos que o conheciam são testemunhas do seu comprometimento de décadas com a luta revolucionária no Brasil e no combate ao capitalismo no campo e na cidade.
Pela sua indomável paixão pelo socialismo como futuro da humanidade, foi perseguido e expurgado da UFRGS durante a Ditadura. Sendo mais tarde professor da UFSC. Pinheirão foi expulso da versão degenerada e oportunista do PCB na época em que Luiz Carlos Prestes também deixara o partido.
Era também ele um dos comunistas alinhados às posições revolucionárias de Luiz Carlos Prestes que, depois de sua morte, fundaram o que é hoje o Polo Comunista Luiz Carlos Prestes. Ele seguiu de perto o “Velho” e transmitiu muitos dos seus ensinamentos aos que hoje dirigem esta organização. De certa forma, para alguns, que não tiveram oportunidade de beber o mate da cuia do “Velho”, foi a cuia do Pinheirão que os saciou. Ele é parte da história do PCLCP, dos comunistas e revolucionários brasileiros e assim será lembrado.
Mesmo nonagenário, tinha um apetite voraz pela leitura, pela descoberta. Seu fôlego era de fazer inveja a muitos jovens, mas que afinal nos serve de exemplo de estudo, paciência e abnegação. É lamentável que Pinheirão não apenas não tenha visto aquilo pelo qual lutou se realizar em vida, e que tenha nos deixado em meio a uma das situações mais dramáticas pelo qual passa o Brasil e a humanidade como um todo.
Em mais de 90 anos, certamente o camarada Pinheirão viu muita coisa mudar, para melhor ou pior. Certamente viu circunstâncias tão ruins que pareciam irreversíveis. Talvez hajam alguns que, diante dessa catástrofe que vivemos, pensam não ser possível dar a volta por cima. Se fores um desses, toma para ti o exemplo do Pinheirão, um guerreiro da causa da humanidade: Nunca se render, nunca desistir, nunca desanimar!
Nessa breve homenagem, o Polo Comunista Luiz Carlos Prestes deseja dar algum conforto aos familiares e aos camaradas de seu entorno, enlutados pela sua partida.
Pinheirão, presente!
Grande perda para a luta por justiça social no Brasil e em todos os países.