Em meio à maior pandemia do século, novamente o socialismo é a única saída
Por Michele de Mello*
Durante a pandemia global da covid-19 e a aceleração da fase decadente da crise cíclica do capital, uma vez mais se confirma a conclusão de Rosa Luxemburgo: “socialismo ou barbárie”.
As ações de pirataria dos Estados Unidos, interceptando barcos, roubando envios, esvaziando o mercado internacional de EPIs (postura comum quando vemos a realidade dos países bloqueados pela Casa Branca), revela que não existe espaço para “humanidade” quando o sistema hegemônico no mundo é o capitalismo na sua fase superior.
O próprio surgimento do novo vírus é uma aberração característica da submissão da vida a um ritmo acelerado de produção e consumo. Com quase 4 milhões de pessoas doentes com o Sars-Cov2 ainda se debate nos quatro cantos do planeta sobre como será e se existirá uma nova normalidade pós pandemia. Quanto tempo tardará até que aglomerações sejam permitidas, o contato, a vida em coletivo possa voltar a se expressar? Um ano, quem sabe. Essa não é a primeira vez que a humanidade enfrenta uma “peste” mundial, porém a verdadeira pergunta a se fazer nesse momento é quanto tempo poderá passar até um novo ciclo da crise e o que os grandes agentes do capital deverão fazer para ganhar um novo fôlego.
Enquanto se tensionam os limites da capacidade de renovação do capital, mais curtos são os intervalos entre um ciclo decadente e outro e mais profundas são suas sequelas na estrutura do sistema.
No entanto, o capitalismo não cairá por conta própria. Ele irá apodrecer, mas seguirá se reinventando, enquanto caminha para o colapso, num longo período depressivo.
Por um lado vemos a maior potência econômica e militar do mundo deixando sua população afundar em uma pandemia que os próprios laboratórios estadunidenses já podiam prever. E Trump decidiu alertar
primeiro seus investidores, os grandes operadores do capital financeiro. Preferiu vender um remédio, produzido por uma farmacêutica vinculada ao seu patrimônio, como a cura da doença, mesmo sem comprovação. Entrou na corrida em busca de uma vacina, não para salvar os milhares de estadunidenses que falecem diariamente por conta do coronavírus, mas para ter a “chave da prosperidade”, que representará vender a vacina contra a covid-19 ao mundo.
Trump rompe com a Organização Mundial da Saúde e ameaça criar um organismo só seu, porque é isso que acontece quando o capital necessita avançar na sua fase monopolista para manter sua dominação.
Enquanto Trump nada sobre os mortos em busca de mais ganância, por outro lado, a 145km dali, uma ilha pequena, no meio do mar do Caribe, faz exatamente o oposto.
Até o final de abril, o governo cubano havia enviado 1.455 profissionais de saúde para 22 países em todo o planeta. Com o isolamento de todos os turistas que visitavam o país, as autoridades puderam retardar o início da disseminação do vírus, no entanto era impossível evitar que a pandemia também chegasse à ilha.
Com 1.754 casos confirmados e 1.140 pacientes dados de alta, Cuba tem uma taxa de recuperação de quase 60%, segundo dados do Ministério de Saúde Pública, divulgados no dia 8 de maio. Com 74 falecidos, o Minsap ainda mantêm 7.090 pessoas sob vigilância sanitária, para acompanhar os sintomas.
Além disso, foi a biomedicina cubana que desenvolveu um dos medicamentos mais efetivos para o tratamento do novo coronavírus. O Interferón Alfa 2B foi reconhecido pela OMS e escolhido pela Comissão Nacional de Saúde da China como um dos 30 melhores tratamentos para os pacientes com covid-19. Depois desses resultados, mais de 20 países já solicitaram sua compra ao Estado cubano.
Laboratórios cubanos também já testam uma possível vacina contra o novo vírus usando anticorpos de pessoas curadas.
Em mais de uma ocasião, Fidel Castro assegurou que o povo com formação científica e revolucionária seria o maior bem que a revolução entregaria ao mundo. E novamente, ele, um dos maiores personagens da história da América Latina, estava certo.
Os profissionais cubanos em missões internacionais representam cerca de 20% dos ingressos anuais do Estado cubano. Não é só um aporte econômico que esses cidadãos representam, mas também estão levando ao mundo a prova de que o socialismo é um sistema político, econômico e social superior.
Ainda que sofra com um bloqueio decretado há quase seis décadas, que gerou um prejuízo material de aproximadamente 138,8 bilhões de dólares, e que diariamente se expressa na falta de diversidade de alimentos, de roupas, de tecnologia e produtos, Cuba segue sendo vitoriosa.
Esses dados não mostram só a forma como uma sociedade com orientação à construção do comunismo se comporta diante de um momento de pandemia mundial: com solidariedade, colocando a vida do seres humanos no centro. Mas também comprova a superioridade teórica e intelectual da humanidade quando orientada para a construção de um sistema sem classes.
Cuba segue sendo o exemplo vivo das potencialidades dos seres humanos quando embasados pelo marxismo, a ciência do trabalhador. Cuba é o exemplo vivo de que podemos ir muito além quando nos desenvolvemos em um ambiente livre de exploração, no qual a vida em coletivo, o respeito e a solidariedade são princípios intrínsecos.
Quanto mais de perto vemos a cara do monstro, mais urgente é a nossa tarefa de transformação. Enquanto vivemos tempos de miséria em todo o planeta, tempos de desilusão, de projeção de um futuro com mais desigualdade, devemos nos inspirar no exemplo de Cuba, de Che, de Fidel, de Camilo, Célia e Vilma. Inspirar-nos no Vietnam de Ho Chi Minh, de Vo Nguyen Giap. Inspirar-nos na cara heroica do nosso povo que não se deixará morrer de fome e que busca um horizonte em que a morte não seja a única opção.
O comunismo é a juventude do mundo, ele brilha e se apresenta uma e cada vez mais como a única saída.
Mais do que nunca é tempo de mostrarmos que ele é real e pulsa vibrante dentro de nós.
*Jornalista, militante do Polo Comunista Luiz Carlos Prestes e da Juventude Comunista Avançando