8 de março: Dia de mulheres na luta contra o governo Bolsonaro!
Nota política do Polo Comunista Luiz Carlos Prestes e Juventude Comunista Avançando
Numa leitura histórica das origens do 8M até os dias atuais, muita coisa se perdeu do seu sentido inicial. Numa tentativa de “despolitizar” essa data criando mais um marco para o consumo capitalista, há um movimento de apagar da história que a intenção de criar um Dia Internacional das Mulheres (com caráter de luta, manifestações e greve ao redor do mundo), surgiu do movimento das mulheres socialistas. Essa data remete a uma greve na Rússia, em 1917, que viria a ser o estopim para a revolução de outubro. No entanto, foi apenas em 1977 que a ONU declarou o 8 de março como uma data internacional.
Neste 08 de março de 2020, as antigas pautas feministas se somam a novas pautas que a política conservadora de Jair Bolsonaro tem colocado sobre os ombros das mulheres. Capacho do imperialismo estadunidense, Bolsonaro não apenas insulta as mulheres referindo-se a nós como algo “inferior” e “incapaz”, mas também ataca o coletivo das brasileiras – especialmente das trabalhadoras – quando retira direitos trabalhistas, previdenciários, de saúde, de educação e de segurança pública.
Com suas palavras de baixo calão, insulta e ameaça deputadas do congresso nacional, já desqualificou a existência da própria filha, menor de idade, chamando-a fraquejada, já foi condenado por reforçar a cultura do estupro ao xingar a Deputada Maria do Rosário e há fortes indícios de seu envolvimento com o assassinato de Marielle Franco.
Após um processo o golpe de 2016, que utilizou de uma propaganda machista para conduzir o processo de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, Michel Temer aprovou em 2017, a EC 95, também chamada de “PEC DO TETO”, que congelou os gastos públicos primários, como saúde e educação. Isso impacta diretamente na vida das mulheres, primeiro porque precariza o acesso e a qualidade dos serviços públicos e segundo porque as mulheres representam, segundo o IBGE (2019), 40% da principal fonte de renda das famílias brasileiras e historicamente, são elas as encarregadas pelo trabalho doméstico e do cuidado com as crianças e idosos, que necessitam em grande parte desses serviços públicos.
Com Bolsonaro a frente do governo, esse ataques assumem um caráter mais abertamente imperialista, liberal, em favor do agronegócio e com traços fascistas.
O projeto de genocídio do povo pobre se intensifica com a aprovação da Reforma da Previdência, que aumentou o tempo de trabalho e a fila da miséria, com as mulheres trabalhadoras rurais e as que dependem do BPC e perderam esse direito. Essa reforma ignora as duplas e triplas jornadas de trabalho das mulheres. Uma nova ameaça chega com 2020: a proposta da carteira verde e amarela (PEC nº 905) que, se aprovada, vai intensificar precarização das condições de trabalho dos brasileiros e principalmente, das brasileiras. O aumento do número de feminicídios se materializam diariamente nas manchetes de jornais.
É negado às mulheres o ato de viver, de caminhar tranquila pelas ruas, de ter controle sobre o próprio corpo e o próprio futuro. As mulheres são metade da população mundial e reivindicam o direito de igualdade na luta e nas conquistas, mesmo diante desta sociedade que se encontra amortecida diante com tantos desmandos e desmontes de seus direitos mais básicos.
Apesar disso, as mulheres já mostraram, historicamente, que sabem lutar e que são linha de frente na conquista e defesa de melhores condições de vida. Elas sabem que em qualquer crise, os seus direitos são os primeiros a serem questionados e que somente a luta conjunta é que barra tantos retrocessos. Por isso é necessário relembrar o caráter de luta do 8M, e o papel histórico que representa a luta das mulheres por melhores condições de vida, de trabalho, pela garantia de seus direitos!
O chamado à luta contra os ataques de Jair Bolsonaro é de suma importância neste momento. Precisamos expor seu envolvimento criminoso com as milícias, seus acenos ao fechamento do Congresso Nacional e de maior poder às Forças Armadas, a retirada de direitos e o desmonte do Estado que vem promovendo. Precisamos radicalizar nossa oposição e sairmos às ruas em marcha, em luta, numa frente ampla que agregue todas as camadas desfavorecidas da nossa sociedade em um movimento de denúncia de Jair Bolsonaro e sua família, Paulo Guedes e toda a sua corja de capachos do imperialismo. Tomar as ruas para não mais morrermos de fome e miséria, com o desemprego ou subemprego, denunciando os casos de violência e feminicídio. Denunciar a morte e o descaso com a vida das mulheres nas periferias, nos acampamentos e assentamentos rurais e urbanos, nos quilombos, nas aldeias indígenas, no chão da fábrica, nas redes sociais, nas escolas e universidades.
Neste 8M chamamos às ruas as mulheres trabalhadoras, as sindicalistas, as jovens e estudantes, as mães e donas de casa, num grande movimento contra os retrocessos que promovem o empobrecimento da classe trabalhadora e a morte das mulheres brasileiras.