É preciso nacionalizar a construção da greve da educação
Resolução do Polo Comunista Luiz Carlos Prestes
Não podemos nos iludir com os supostos recuos do governo Bolsonaro. Embora haja uma positividade nos recentes desbloqueios de recursos e de bolsas, certamente o governo está jogando com as condições de funcionamento das instituições federais de ensino, usando recursos a conta-gotas combinada a sua intimidação política para inviabilizar a unificação de um movimento universitário nacional.
As condições desiguais de funcionamento combinadas com tradições políticas distintas criaram situações complexas. Enquanto algumas universidades estavam à beira do fechamento, os cortes não trouxeram as mesmas consequências em outras instituições. O resultado é que enquanto algumas universidades deflagraram greve com significativa brevidade, mas com muita força e intensidade, essa possibilidade não surgiu espontaneamente em outros contextos.
Não está dada, portanto, as possibilidades de construir a greve exclusivamente com iniciativas vindo desde baixo. Ambas esferas de articulação precisam de iniciativa. Essa situação de disparidade do desenvolvimento do movimento grevista, entre categorias e instituições, só pode ser resolvida pela direção consciente do movimento. É necessário, portanto, que as entidades do movimento educacional e universitário (UNE, UBES, ANPG, FENET, ANDES, SINASEFE, FASUBRA e CNTE) se articulem de forma mais concisa para construir a greve nacional da educação. As entidades nacionais devem cumprir com seu dever político de construir as mobilizações nacionais, valorizando e fortalecendo a iniciativa da base, articulando os diversos esforços pelo país rumo a um mesmo objetivo: derrotar Weintraub, Bolsonaro, seus cortes e o Future-se.
Como as iniciativas de greve mais contundentes, por enquanto, foram de responsabilidade do movimento estudantil, nos parece razoável que a UNE convoque também um meio de debate e deliberações nacionais (CONEB ou CONEG), de forma a impulsionar a construção nacional de um movimento de greve estudantil.
Embora as iniciativas de mobilização de massa através de atos de rua sejam importantes, elas de forma alguma podem ser consideradas suficientes. Não podemos considerar uma manifestação como um fim em si mesmo. É preciso subordinar nossos instrumentos de luta aos nossos objetivos imediatos e estratégicos: derrotar os cortes e o Future-se para, dessa forma, esmorecer o governo numa das batalhas mais importantes dessa conjuntura. Por isso, o movimento precisa refletir sobre como criar instrumentos de poder para desbaratar projeto de recolonização e destruição nacional de Bolsonaro.
Direção Nacional
Brasil, outubro de 2019.