O real apoio à greve dos caminhoneiros passa pela luta pelo caráter 100% público da Petrobrás!
Certamente a greve dos caminhoneiros é apresentada pelos grandes veículos dos meios de comunicação de massas como o “maior acontecimento dos últimos tempos!” Existem pelo menos dois motivos para isso: para além do sensacionalismo dos monopólios midiáticos, há uma ação nefasta para desviar as pautas de lutas populares essencialmente justas em prol de seus objetivos privatizantes e geradores de maior desigualdade social.
Sabemos, mesmo antes do processo que conduziu ao Golpe de 2016, qual é o papel da grande mídia: limitar as reivindicações relacionadas às necessidades populares e “fabricar” uma interpretação reacionária dos problemas nacionais e da situação política. Assim a Mídia trabalha constantemente para iludir o povo com uma miríade de slogans enganosos, inundando as mentes populares com sua ideologia alienante, a serviço do capital. E tudo isso ao longo de muitos e muitos anos.
Dessa forma, os trabalhadores, fragmentados hoje em diversas categorias, ao sentirem os efeitos nefastos das políticas ditas neoliberais – das quais os recentes ataques aos direitos sociais e a deterioração das condições de vida são resultados imediatos – são induzidos à buscar “saídas individualistas”, conduzidos a desconsiderar a necessidade de mobilização e organização coletiva.
Assim, não vão além da superfície do problema aqueles que apenas apontam aspectos reacionários presentes na greve dos caminhoneiros, ou que ela em parte “se constitui num locaute”; ou os que, em sentido oposto, apenas reafirmam “apoio incondicional” a um movimento ideologicamente heterogêneo, ignorando a forte influência patronal e da direita radical. Este maniqueísmo raso não fará avançar em nada a luta dos trabalhadores contra o imperialismo, os monopólios e o latifúndio.
Por óbvio, também, não se pode esperar que a mera luta econômica de uma categoria por reivindicações imediatas possa deflagrar, por si só, as grandes transformações sociais de que o povo trabalhador brasileiro necessita. Deve-se, no entanto, reconhecer que neste momento a greve de caminhoneiros coloca-se como elemento central na luta política nacional, visto o impacto que a paralisação da atividade de transporte de cargas produz no abastecimento do país. Identificar com precisão a pauta central desse movimento é fundamental para a tomada de posição dos lutadores do povo e para criar alternativas contra as falsas soluções impostas pelo conluio entre empresários do transporte e governo golpista, sustentados pela grande mídia.
Imediatamente, o que querem os caminhoneiros? Apesar do incentivo à propagação de campanhas pró intervenção militar e de candidaturas reacionárias à presidência da república que defendam este extremismo golpista, o que une os caminhoneiros em greve é uma reivindicação econômica concreta: redução do preço do combustível “na bomba”, indicando inclusive o patamar máximo de 3 reais por litro.
O conjunto dos caminhoneiros quer a redução de preços dos combustíveis, no que coincidem com aspirações da maioria do povo. É necessário colocar a espiral de aumento do preço do combustível no centro de qualquer análise, quanto às potencialidades progressistas da greve e à ampliação do apoio popular. Não só para combater a manipulação conservadora do movimento, mas por razões mais substancias é indispensável abordar o processo de desmantelamento da Petrobrás enquanto empresa estatal e o consequente aniquilamento de sua função social. É fundamental explicar para o povo trabalhador o quanto é perversa a política de preços perpetrada pelo governo golpista e pelo presidente da Petrobrás por ele indicado, Pedro Parente. Uma política irresponsável e antinacional. Diminui drasticamente a produção das nossas refinarias (operam com cerca de 50% da capacidade), vende óleo cru para o estrangeiro e compra (muito mais caro) gasolina, diesel e outros derivados refinados do exterior, pagando em dólar no momento de uma violenta alta especulativa. Para viabilizar o “mercado” do país ao combustível estrangeiro, Temer e Parente mudaram a política de preços em junho de 2017: atendem servilmente aos interesses das petrolíferas transnacionais elevando os preços no atacado internos para os equiparar aos altíssimos preços de mercado externos. É necessário mostrar aos caminhoneiros em luta que as mudanças necessárias na Petrobrás não passam pela sua privatização, nem pela retirada do PIS/COFINS. Ao contrário, passa pelo reforço do seu caráter público/estatal identificado com os interesses do povo brasileiro (e não com o rentismo de seus acionistas), indispensável para regular e manter adequadamente baixos os preços dos combustíveis e garantir as verbas do Pré-Sal para saúde e educação pública.
A categoria de trabalhadores que hoje tem uma relação mais direta com estas questões é a dos petroleiros. Esse setor da classe trabalhadora, a partir da sua própria experiência de trabalho e da consciência política adquirida numa longa tradição de luta, desenvolveu uma concepção responsável e abrangente sobre a necessidade da reestatização plena deste setor estratégico: a Petrobrás 100% pública. Este setor encontra-se em franca campanha de mobilização e preparação de greve, buscando fazer frente à política, privatizante e pró-imperialista, de Temer e Pedro Parente. Uma política criminosa, anti-povo, de traição nacional, voltada para desmantelar deliberada e definitivamente a Petrobrás, elevar os superlucros de seus acionistas privados (em sua maioria bilionários de Wall Street), entregar nossas reservas para as transnacionais, e desmontar criminosamente todas a cadeias produtivas nacionais a ela ligadas.
É justa a pauta da greve dos caminhoneiros pela redução do preço do combustível. A partir desta reivindicação justa é necessário um enorme esforço para dialogar politicamente com a categoria dos caminhoneiros. É necessário convencer estes trabalhadores de que a solução do seu problema econômico não está na defesa de uma intervenção militar, de um candidato bandido ou na entrega de nossa riqueza à exploração do grande capital.
Neste processo de luta contra-hegemônica, é fundamental a participação de todos trabalhadores conscientes. Um papel fundamental cabe à categoria dos petroleiros: não só na denúncia das mazelas do governo Temer em relação à Petrobras, mas também apresentando todo o seu acúmulo programático de soluções para os problemas mais imediatos em relação ao setor: tanto quanto à defesa da função pública da Petrobrás para o desenvolvimento nacional com elevação no nível de vida do povo; quanto, no imediato, para a solução da crise dos combustíveis.
O Polo Comunista Luiz Carlos Prestes defende: a greve unificada dos petroleiros; a construção com urgência de uma mesa de unidade de todas as centrais sindicais para buscar uma pauta mínima que reflita os interesses autênticos do povo trabalhador do Brasil, o que passa por uma ampla mobilização em defesa da Petrobrás 100% pública, pela soberania nacional sobre a exploração do Petróleo, pela reativação e ampliação de suas refinarias e da redução do preço dos combustíveis no mercado interno, em especial para o consumo doméstico; e a construção de nova Greve Geral em todo o país que desloque o eixo e a direção do movimento, isolando a tutela dos monopólios e do imperialismo no movimento dos caminhoneiros.
Manifestamos nosso repúdio ao uso das Forças Armadas para reprimir o povo e intimidar os grevistas, mais uma medida desesperada de um governo golpista, ilegítimo e entreguista.
Pela revogação do congelamento de verbas para saúde, educação e direitos sociais.
Pela revogação da Contrarreforma Trabalhista.
Não à Contrarreforma da Previdência.
Fora Temer, abaixo o regime golpista.
Em defesa da democracia! Pela garantia de eleições diretas e livres!
DN Polo Comunista Luiz Carlos Prestes
26.05.2018