PCLCP com Boulos e Guajajara, contra o golpe,em defesa da classe trabalhadora!
Posição do PCLCP sobre as eleições presidenciais de 2018
O golpe deflagrado em 2016 ainda está em curso, as ofensivas às liberdades democráticas estão se acentuando no último período, a conjuntura dos países vizinhos ao Brasil iniciou um processo de acirramento da luta de classes: o golpe ainda não atingiu todos os objetivos de dominação econômica das riquezas brasileiras e, por consequência, não há garantia de eleições em condições minimamente democráticas como as ocorridas desde a “abertura lenta e gradual”.
A prisão de Lula, através de uma descarada manipulação dos meios jurídicos e midiáticos com a clara intenção de influenciar o resultado de possíveis eleições, nos coloca o desafio de compreender as contradições envolvidas nas lutas em defesa da democracia, e as perspectivas de transformações que podemos ter com um processo eleitoral. A prisão de Lula, no viés da burguesia, garante e salvaguarda as eleições burguesas – fraudando-as ao mesmo tempo. Cabe a nós atuar na defesa da democracia, contra a prisão de Lula e contra o golpe que aprofunda a exploração da classe trabalhadora.
Mas a tarefa mais importante no exato momento é observar a estratégia que defendemos para superar o atual momento brasileiro e desenrolar as devidas táticas. Temos um compromisso de construção do bloco histórico, com forças sociais capazes de empreender uma luta consequente contra o imperialismo, o latifúndio, os monopólios e caminhar em direção ao socialismo em nossa pátria. Esse compromisso nos levou à alianças eleitorais com o PSOL, que carrega as reivindicações populares para o debate que ocorre na sociedade durante este singular período no calendário brasileiro. Se consideramos que as eleições são um bom momento para trabalhar a consciência do povo, é no PSOL que encontramos os aliados das lutas cotidianas e que carregam as pautas pelas quais também lutamos, mesmo que algumas diferenciações.
Desta forma, a direção nacional do Polo Comunista Luiz Carlos Prestes, após consulta às bases, definiu pelo apoio e construção da pré-candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara. Vamos com Boulos, por ser uma liderança de um dos mais combativos movimentos sociais da atualidade, o MTST, e por estar presente em todas as lutas de âmbito nacional que estivemos desde 2015 com o início do processo de impeachment, a EC 95 do congelamentos dos recursos públicos, a Reforma Trabalhista e a Previdenciária, e recentemente na campanha pelo direito de Lula ser candidato. Além disso, representa o conjunto de forças que construíram a Frente Povo Sem Medo, frente de massa que articula e une as pautas de diversas organizações que compomos ou temos relações. O apoio à candidatura de Boulos e Guajajara neste momento é defender uma postura de luta contra o golpe, em defesa dos direitos democráticos, de resgate da soberania nacional e com potencialidade de denunciar a ilusão da política de conciliação de classes defendida pelos governos do PT – e por nós combatida nos últimos 15 anos.
Defendemos Lula, mas não como nosso candidato. Nossa posição é de defender Lula contra as injustiças cometidas contra ele, contra o PT e os pequenos avanços sociais feitos nos governos petistas e por ele representado. Embora tenha praticado e se “enterrado” na política de conciliação de classes, garantiu avanços sociais mínimos em várias áreas. Ampliação das Universidades, dos Institutos Federais, aumento dos investimentos em infra-estrutura e energia, produção de plataformas e navios para a Petrobras em solo brasileiro, enfim, um grande conjunto de políticas que de fato garantiram emprego formal e renda para setores da população que historicamente foram excluídos das políticas de governo. Nenhuma dessas medidas rompeu minimamente com a nossa situação de capitalismo dependente e justamente a época de ouro das commodities aumentou a riqueza dos ricos de forma extraordinária. A contradição se colocou nos concomitantes investimentos (mesmo que poucos) e no desenvolvimento social e econômico do Brasil (mesmo que mínimo). Porém, essa maneira de arrancar algumas migalhas da mesa dos ricos para o povo, baseada na política de conciliação, foi rapidamente descartada com o início da crise mundial, que reduziu a entrada de arrecadação, fazendo com que os representantes do capital exigissem contra-reformas que cortassem as políticas para os de baixo e garantisse os lucros dos de cima. O impeachment é a clara demonstração da inviabilidade da política de conciliação de classes por si só, sem organização do povo capaz de garantir a vontade popular em momentos de acirramento das disputas pelo Estado.
Nossa defesa da pré-candidatura de Boulos não impede que se reconheça a possibilidade de, em um futuro próximo, ter de aplicar nossos esforços em uma ampla frente com todas as forças democráticas. Os tempos seguem indefinidos e pode ser necessária a retirada de candidaturas, em um quadro em que se tenha de garantir as eleições e construir uma frente ampla e única de esquerda. A eleição sem Lula é fraude, e devemos denunciar essa etapa do golpe e defender o direito de Lula ser candidato. Essa é uma prioridade: seguiremos construindo, em nossos espaços de atuação e militância, comitês, organizações, tudo que acumule forças neste sentido. Entretanto, nosso apoio eleitoral, que condensa melhor as posições anti-golpe e pró-povo está na candidatura de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara.
Viva o povo brasileiro!
Polo Comunista Luiz Carlos Prestes
10.05.2018