Nota do PCLCP-RJ
Nota escrita para a ocasião do lançamento do Comitê Popular Contra o Golpe-RJ.
O Golpe, ora em curso em nosso país, faz parte da estratégia do imperialismo de desestabilização de governos, seja por se contraporem diretamente aos seus interesses, seja por não executarem seus planos no ritmo desejado pelo capital em crise. O xadrez imperialista articula classes e corporações para o processo de desestabilização. Nesse tabuleiro geopolítico, o capital financeiro, a grande burguesia, o judiciário comprometido com as classes dominantes, a maioria parlamentar – corrompida e reacionária -, a grande mídia – subordinada de sempre ao imperialismo -, e alguns setores da classe média, manipulados, conservadores, ou mesmo fascistas, são peças de um jogo, que coloca em xeque a democracia e as conquistas sociais da população.
A direita brasileira é historicamente golpista, racista e reacionária. Basta lembrar de episódios passados, como o golpe de 1964. Os interesses contrariados, ainda que por um projeto de nacional desenvolvimentismo limitado, e a avaliação da inviabilidade de implementar pelo jogo democrático a sua agenda regressiva, de desmonte do Estado e supressão de diretos, desencadearam a ira de uma elite antinacional. Elite esta articulada política e economicamente, e ideologicamente subserviente ao imperialismo.
É bom lembrar, que em 2002, mesmo com a eleição de um Lula autodomesticado, por sua “CARTA OS BRASILEIROS”, a direita não se acalmou. Os governos petistas não confrontaram nenhum interesse fundamental daqueles que sempre ganharam no país. Os bancos lucraram como nunca. Lula e Dilma não fizeram reforma agrária, não taxaram os ganhos dos grandes bancos, não taxaram as grandes fortunas e heranças, não fizeram reforma urbana, não promoveram a democratização da mídia, além de compor equipes econômicas, compostas por nomes palatáveis ao mercado financeiro. De positivo nos governos do PT, houve a política de ganhos salariais, a democratização do acesso à Universidade, o aumento das obras públicas em infra estrutura (se comparado ao descalabro da era FHC), as políticas sociais compensatórias, a política de cotas para os negros e, para completar, uma política internacional que fugia do domínio pleno dos EUA, tal como BRICS, o que foi a gota d’água para o imperialismo. Isto, no entanto, era muito para a direita reacionária.
A vitória de Dilma em 2014 e a implementação parcial da agenda dos adversários, deixou clara a fragilidade do governo e sua falta de confiança na organização e mobilização das massas trabalhadoras. Em suma, as políticas dos governos Lula e Dilma, não podem ser qualificadas como de esquerda, pois são sociais- liberais. Diante da contemporização com o setor mais corrupto e venal do parlamento, aceitando a chantagem, no lugar da correta política de confrontação e apelo às massas, o golpe era uma questão de tempo. A unidade das entidades patronais, da grande mídia, do judiciário totalmente comprometido e de um parlamento que envergonha a nação, encaminharam o desfecho final.
Agora, cabe a nós, forças progressistas da nação, realizar um esforço crítico e autocrítico, combater o golpe e o golpismo a cada esquina, local de trabalho e estudo. Nós, do PCLCP, devemos clamar pela unidade da esquerda, para construir um programa único, discutido e formulado o mais ampla e democraticamente, para travar o debate político e evitar a vitória do programa de retrocesso social. Temer e seus asseclas são a expressão mais acabada de uma política que pode nos levar de volta ao Brasil oligárquico dos anos 20, um país em que os trabalhadores eram mero detalhe e a questão social, caso de polícia.
O tempo urge, pois se não organizarmos a resistência seremos derrotados, mais uma vez. Um revolucionário, em momento de revés, afirmou, há 222 anos: “Não chegou o tempo em que os homens de bem podem servir impunemente à Pátria; os defensores da liberdade não passarão de proscritos, enquanto a horda de tratantes dominar”.
DERROTAR O GOLPE E O GOLPISMO!
RESISTIR E RETOMAR A OFENSIVA!
PELO PROGRAMA ÚNICO DA ESQUERDA!
Polo Comunista Luiz Carlos Prestes – RJ