1º de Maio: Carta aberta a todos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil

1º de Maio: Carta aberta a todos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil

Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil,


Nesse 1º de maio, o povo trabalhador brasileiro lamentavelmente não tem nada para comemorar, senão a sua incessante luta por dignidade, por trabalho e pelo direito à vida. Mesmo antes da pandemia do novo coronavírus, a classe trabalhadora já vivia uma situação de crise e insegurança. Eram 13,5 milhões de brasileiros em situação de miséria, sobrevivendo com até 145 reais ao mês; o preço da cesta básica havia subido mais de 10% em muitas capitais do Brasil. Enquanto a taxa de desocupação continuava acima dos 11%, e mais de 40% dos trabalhadores estavam na informalidade. Isto é, a quantidade de trabalhadores com carteira assinada está reduzindo drasticamente, porque muito são demitidos e recontratados como MEI, que somaram em 2019, 24,6 milhões, ou então realmente perdem seus empregos, como 12,7 milhões que terminaram o ano sem qualquer tipo de ganha pão.


Esse é o resultado catastrófico acumulado das políticas pró-capital e pró-imperialistas adotadas principalmente pelos governos Temer e Bolsonaro, como a Emenda Constitucional 95 que congelou os investimentos públicos por 20 anos, a Reforma Trabalhista de 2017 e a Reforma da Previdência de 2019. Somado a isso, a política de desmantelamento das cadeias produtivas nacionais e estatais em benefício do capital estrangeiro, aprofunda a dependência do Brasil aos EUA e à Europa, fechando postos de trabalho ou precarizando-os, enquanto os capitalistas do hemisfério norte recuperam suas taxas de lucro.


Com a pandemia da covid-19, esse novo ciclo depressivo da crise estrutural do capital se acelerou e aprofundou ainda mais. E novamente, os trabalhadores informais são os mais vulneráveis. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), somente na América Latina e Caribe, poderá haver uma redução de 81% dos ingressos.
Além disso, a previsão é de 305 milhões de desempregados em todo o mundo pós período pandêmico.


O coronavírus atingiu o Brasil com um forte aliado: o governo Bolsonaro. Este governo que já vinha debilitando gravemente a qualidade de vida e tirando a pouca dignidade conquistada pela classe trabalhadora no passado, é negligente no combate à pandemia e na proteção da população na mais grave pandemia do século. Bolsonaro e seu governo não agem de tal maneira porque são incompetentes, mas porque preferem ver a morte de centenas de milhares, senão milhões, para manter a economia funcionando para os grandes monopólios.


Já durante a pandemia Bolsonaro tentou reduzir a capacidade de negociação dos trabalhadores, atrapalhou e chantageou governadores que já estavam agindo no combate à pandemia em seus estados, tentou suspender contratatos de trabalho sem pagamento por meses, deu isenção de impostos para grandes companhias e protelou a aprovação e o pagamento da mísera ajuda de R$ 600,00 aos informais.
Bolsonaro e Mourão têm uma política de morte, em favor do lucro em detrimento da vida. Para estes que são submissos aos mandos e desmandos dos agentes do grande capital, o novo coronavírus é mais uma ferramenta para queimar esse exército industrial de reserva, composto por milhões de desempregados. Por isso para Donald Trump, Boris Johnson e para Bolsonaro não há nenhum problema na morte de alguns milhões de pessoas.


Somos pelo Fora Bolsonaro e Mourão, pela vida e pela dignidade da classe trabalhadora


As recentes manifestações e adesões à causa do impeachment, porém, não estão sendo provocadas pela sua política genocida, mas sim por uma fissura na frente golpista, representados pela saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública e de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde.


Moro, vinculado diretamente ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, foi figura-chave no golpe de 2016, que tirou Dilma Rousseff da presidência, e na prisão de Lula, que contribuíram para o estabelecimento de um estado de exceção no Brasil, chegando até o ponto em que estamos.
Sem dúvida, a direita golpista, o que inclui a direita tradicional, tão servil ao imperialismo quanto Bolsonaro, só aspira a queda de Bozo se for possível reabilitar uma figura alternativa como Moro. Ainda é incerto o grau de articulação para um eventual impeachment, mas ainda que coexistam posições de ação semelhantes entre a oposição de direita e a oposição de esquerda quanto à necessidade de interromper o governo Bolsonaro, nós comunistas vamos sempre defender a independência política e ideológica da esquerda.


Ainda que Rodrigo Maia, David Alcolumbre, Dias Tóffoli e Fernando Henrique Cardoso estejam eventualmente a favor do impeachment, é preciso ter claro que nossos motivos são não apenas diferentes, mas opostos. Eles querem tirar Bolsonaro para dar continuidade ao projeto do imperialismo no Brasil. Nós queremos retirá-lo para derrubar esse projeto que não está mais apenas destruindo empregos, salários, direitos e a economia, mas ceifando centenas de vidas todos os dias. Maia, Alcolumbre, Tófolli e FHC são parte da direita tradicional que apoiou o golpe e abriu o caminho para Bolsonaro. Eles têm o mesmo programa econômico para o Brasil e só divergem quanto à partilha do espólio e das migalhas que imperialismo deixará para trás.


Nós somos contrários, portanto, à ideia de uma frente única. Sempre fomos a favor de uma frente de esquerda com independência política e ideológica, mas não sectária, que pode, de acordo com as circunstâncias, ter unidade na ação com setores burgueses contra a fração mais extremista da direita e do capital financeiro: o fascismo.


Portanto, nesse 1º de maio, ainda que não possamos sair às ruas para protestar e desfraldar nossas bandeiras, convidamos você a se juntar à agitação online que acontecerá no dia de hoje. Mais do que nunca é tempo de lembrar a história de luta dessa data, denunciar a falência do sistema capitalista, defender nosso direito ao trabalho e lutar pela soberania do nosso país.


Fora Bolsonaro e Mourão! Pelo direito à vida e a dignidade da classe trabalhadora!


*Nota do Polo Comunista Luiz Carlos Prestes e da Juventude Comunista Avançando

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