Em janeiro de 2011, a CCLCP lançou a Escola de Formação Luiz Carlos Prestes. Suas primeiras promoções foram os cursos: O Método em Marx, com o estudo de “Grundrisse: Introdução aos Fundamentos da Crítica da Economia Política [1857]” e do “Prefácio [1859] à Para a Crítica da Economia Política”; e Revolução Burguesa e Capitalismo Dependente no Brasil, com o estudo da Terceira Parte do livro “A Revolução Burguesa no Brasil” de Florestan Fernandes. Ministraram os cursos, respectivamente, os professores Geraldo Barbosa (PCLCP) e Fernando Ponte (convidado). O lançamento da Escola LCP contou, ainda, com a honrosa presença da professora Anita Leocádia Prestes (convidada), que deu uma aula inaugural sobre a “Carta aos comunistas” de Luiz Carlos Prestes. Além de membros da CCLCP, participaram dos cursos militantes da Juventude Comunista Avançando (JCA), do Movimento Avançando Sindical (MAS) e convidados.
A Escola de Formação Luiz Carlos Prestes é uma iniciativa da PCLCP que tem por objetivo contribuir com a formação teórica, política e ideológica de seus militantes, círculos e aliados, visando a estratégia comunista, a construção do partido revolucionário e do bloco de forças anti-monopolista, anti-latifundiário e anti-imperialista no Brasil. Para tanto, a Escola LCP promoverá formação básica marxista e desenvolverá estudos em diferentes níveis, buscando aprofundar a capacidade de análise, pesquisa e elaboração teórica criativa dos militantes, acerca da realidade brasileira, da estratégia e das táticas da revolução em nosso país.
Como afirmava Luiz Carlos Prestes, o baixo desenvolvimento cultural do povo brasileiro, fruto do atraso e da dependência do país, dificulta a análise da realidade brasileira e, consequentemente, a elaboração de uma estratégia de transformação correta, levando a inúmeros erros da esquerda e à deformação das organizações. Atualmente, essa observação continua vigente em sua essência. Portanto, a formação de quadros com estas características depende da organização para tanto. É nesse sentido que nasce a Escola LCP.
Para iniciar, a Escola optou pelo estudo sobre o método em Marx, por considerá-lo fundamental para todo e qualquer estudo da realidade. Sem a compreensão do materialismo histórico-dialético torna-se inviável a compreensão do real na sua totalidade. Certamente este é um tema difícil para a grande maioria dos militantes, pois ao longo da vida aprendemos a ver o mundo de maneira fragmentada e formal. Além disso, pouco aprendemos sobre o conhecimento acumulado produzido pela humanidade ao longo da história. Estas características contribuem para análises equivocadas da realidade. E como podemos transformar aquilo que não conhecemos? Este é o grande dilema das organizações de esquerda que lutam por uma revolução socialista: conhecer a atual fase do capital e a realidade específica de seus países, para dar respostas adequadas aos desafios históricos que estão colocados. Porém, sem muito estudo, articulado à luta, a tendência é a transposição mecânica de experiências já desenvolvidas e a dogmatização da teoria, transformando-a em receitas de bolo, sem a mediação com o movimento dialético da realidade.
Para exemplificar esta questão, a Escola LCP promoveu também o curso sobre a Revolução Burguesa e Capitalismo Dependente no Brasil, para mostrar como o estudo do Florestan Fernandes sobre a formação do capitalismo no país, foi um marco para muitas organizações e militantes de esquerda, que se deram conta de suas estratégias equivocadas. Afinal, Florestan Fernandes evidencia que não é possível o desenvolvimento de um capitalismo independente no Brasil, pois o capitalismo no Brasil se desenvolve, de forma mais profunda, já na era imperialista do sistema. Portanto, a burguesia nativa é pró-imperialista e é incapaz de desenvolver um projeto nacional, ou seja, é uma ilusão acreditar na possibilidade de alianças entre a classe burguesa e a classe proletária no Brasil, como muitos acreditavam no passado. Os problemas do povo não revolvidos pela revolução burguesa só poderão ser solucionados como parte mediadora de uma estratégia socialista para o país.
A partir de fins de 2011 a EFLCP lançou o curso “Introdução à leitura de O Capital de Karl Marx”, com Geraldo Barbosa. O curso está pensado para uma formação extensiva, com duração de cerca de 3 anos. Através de encontros mensais, os militantes estão em permanente debate e reflexão coletiva. O entendimento da gênese do pensamento de Marx, a sua crítica às concepções da economia política inglesa, o socialismo utópico francês e a filosofia clássica alemã o levou a uma síntese teórica da necessidade e possibilidade de superação da sociedade burguesa, das relações capitalistas e do próprio capital. A descoberta da ciência sócio-histórica de Marx aparece profundamente vinculada ao surgimento do proletariado como classe. O conhecimento do marxismo, portanto, bem como a sua atualização criativa, é uma tarefa de todos militantes comunistas: sem esse instrumento para desvendar a realidade tal como ela é, a transformação revolucionária da sociedade carecerá de meios práticos para a ação política, já que a própria ação para que tenha profundidade e alcance deve ser guiada por uma estratégia social abrangente, conscientemente traçada.
A EFLCP também está lançando em 2012 mais dois cursos: “Sindicalismo de Estado no Brasil e o Movimento Sindical nos Anos 2000” com o Armando Boito Jr. e “Os Comunistas Brasileiros (1922-1990)” com Anita Leocádia Prestes. No primeiro, pretende-se dar subsídios para a reorganização do movimento da classe, compreendendo o processo de falência política e ideológica da CUT, que foi o principal instrumento de luta dos trabalhadores das últimas décadas e que se converteu num órgão de colaboração de classes. A curta trajetória da CUT entre a contestação e a conformação à ordem nos impõe a tarefa de compreender o nefasto papel que estrutura sindical brasileira exerce sobre os sindicatos, mesmo os mais combativos. Criar as bases para um novo sindicalismo é o desfio que nos cabe. No segundo, tem-se como objetivo estudar a história dos comunistas no Brasil com base na trajetória do PCB e a contribuição de Luiz Carlos Prestes ao movimento comunista com base em documentos do Partido, leituras complementares e aulas expositivas que abordarão no Módulo I “Da fundação do PCB (1922) aos levantes antifascistas de novembro de 1935”, no Módulo II “Da derrota do movimento antifascista (novembro de 1935) à crise de 1956/58” e no Módulo III “Da ‘Declaração de Março’ de 1958 a 1990 (falecimento de Prestes e crise final do PCB)”. Conhecer a trajetória do PCB, sua importância histórica e também seus erros é fundamental para traçarmos uma estratégia correta e construir um partido efetivamente revolucionário.
Também viemos pensando em estruturar outros cursos, tais como História da Revolução Russa, História das Revoluções na América Latina, entre outros. Enfim, a compreensão é de que a EFLCP deve contribuir para que os proletários desenvolvam a luta por seu próprio projeto. Para tanto, a formação, através da teoria e ação, ligada à organização revolucionária são requisitos imprescindíveis.