Semear a primavera entre os canhões: por uma UNE enraizada no cotidiano estudantil e que organize a juventude na luta antifascista!

Juventude Comunista Avançando (JCA)
Os povos de todo o mundo sofrem com a crise estrutural do capital. Do genocídio de Gaza levado adiante pelo Estado Sionista de Israel à violência extrema e a acelerada retirada de direitos na Argentina; da barbárie defendida com a nova eleição de Trump às investidas golpistas no Brasil, o fascismo, expressão brutal do capital financeiro, tem avançado como suposta saída à crise.
A eleição de Lula representou uma vitória importante, mas isso por si só não é suficiente: a ameaça fascista só será superada com uma enérgica contraofensiva popular pela prisão de suas lideranças, o desmantelamento do núcleo fascista das forças armadas, o enfrentamento ao imperialismo e o rompimento real com as classes dominantes, rumo ao socialismo.
O governo Lula opera dentro de um projeto de conciliação, promovendo algumas políticas sociais importantes mas evitando confrontar o projeto das classes dominantes: mantém o arcabouço fiscal, não se propõe a revogar as contrarreformas golpistas (da previdência, Trabalhista e do Ensino Médio), se nega a romper relações com Israel, colocou em cheque o resultado da eleição venezuelana e não busca apoio na massa do povo para aprovar medidas avançadas. Assim, mantém e agrava os conhecidos limites dos setores petistas.
Nessa conjuntura, nós, estudantes, devemos entender as lutas do povo como nossas e reconhecer o combate ao fascismo como principal tarefa. Sem minimizar a ameaça e nos propondo à defesa do governo contra as investidas golpistas e imperialistas, mas com independência, e não a reboque de um projeto que não leve a cabo a totalidade dos interesses populares. Nossa resposta deve ser nas ruas, em resistência e combate à sanha exploratória dos latifúndios, do monopólio e do imperialismo!
As universidades têm papel central nisso: são um instrumento estratégico na construção de um país soberano e popular. Precisamos fortalecer a luta por uma Universidade Popular, de livre acesso, com dignas condições de permanência e comprometida com a produção de conhecimento voltado aos interesses do povo. Lutar por uma Universidade Popular é também responder ao projeto das elites que busca refuncionalizar o ensino superior: o mecanismo perverso funciona a partir dos enormes cortes orçamentários de financiamento público em paralelo a um incentivo a laboratórios de pesquisa e instituições financiadas pela iniciativa privada, que se propõe a serviços utilitaristas e servis ao empresariado. A priorização do EaD; as políticas de incentivo à inovação e ao empreendedorismo; o aprofundamento das relações com fundações de apoio; a realidade de sucateamento acelerado das condições de estudo, trabalho e pertencimento nos campi, que nos submete à tentativa de sobreviver como trabalhadores-estudantes na escala 6×1, fazem parte dessa lógica brutal.
É papel da UNE fortalecer a luta por uma Universidade Popular e organizar o Movimento Estudantil em torno dessa estratégia. A história já nos ensinou o papel crucial que a entidade pode ter, quando assume como suas as lutas do povo e é construída de forma ampla, democrática e enraizada nas bases. É essa UNE que defendemos!
Não deve mais ter espaço na UNE para uma política que fere a autonomia estudantil, que a coloca como correia de transmissão de políticas governistas e prioriza a luta institucional frente à organização dos estudantes – como agitando algumas pautas importantes e inchando seus eventos, mas pouco construindo de fato junto às bases estudantis e do povo.
Não podemos mais tolerar a falta de democracia e transparência, as eleições fraudadas, a impossibilidade de um estudante independente efetivamente participar do nosso Congresso. A autoconstrução e o hiper controle dos partidos, os acordos de cúpula e a baixa frequência de construção dos fóruns da UNE, assim como o imobilismo da majoritária e o reposicionamento recuado da JSM, não cumprem com o que é o dever da entidade.
É também preciso avançar na reconstrução do campo de oposição, superar suas lacunas programáticas e organizativas, forjar a unidade real – pois ele ainda não está pronto. Nossa base deve ser programática, reconhecendo a organização da juventude pela derrubada do fascismo como tarefa prioritária, a importância de uma estratégia de Universidade Popular como guia e horizonte da luta estudantil, e a democracia das entidades como princípio inegociável. A UNE só se fortalecerá quando os estudantes se reconhecerem como parte dela!
Participamos do CONUNE e lutamos para que o M.E. se identifique com as lutas populares, para que construamos uma universidade que resolva os problemas do povo e seja extensão da rua, pulsando cultura, convívio e a garra da nossa gente; para que construamos uma UNE que seja mola propulsora e referência viva para a luta da juventude!
Leia as teses completas abaixo!