A pandemia e a necessidade histórica do socialismo

A pandemia e a necessidade histórica do socialismo

Por: Jonas Duarte

A Pandemia da Covid 19, provocada pelo Novo Coronavírus evidenciou uma superioridade tão grande das sociedades estruturadas sob o Socialismo sobre essas sociedades capitalistas agonizantes que fico com a impressão que isso já foi dito repetidas vezes. Vou apenas dizer mais uma vez, e de uma forma talvez mais explícita, mais direta.

O fracasso retumbante do capitalismo em resolver os grandes problemas da humanidade é histórico e faz parte de sua própria dinâmica funcional. O Capitalismo enquanto sistema orgânico, de produção, de consumo e de valores não surge com os propósitos de resolver os problemas da humanidade.

Como afirma Ellen Wood em seu “Capitalismo x Democracia”, a organização da sociedade sob o capitalismo não foi “coisa do destino”. Não havia essa predestinação na evolução da humanidade de passar por um sistema capitalista. Sob determinados contexto e sob determinadas condições, a burguesia na Europa se impôs como classe social preponderante, vitoriosa, e dessa forma monta um sistema de produção, depois de consumo; e por fim se estruturam os comportamentos e as organizações mentais da população em função do sistema capitalista.

A expansão do capitalismo, sua consolidação em nível de planeta e imposição em outras partes e sob outros contextos são por demais conhecidas.

Mas não estava nas tábuas de Moisés ou escrito em lugar nenhum do mundo que Rússia, China, Coreia, Vietnam ou quaisquer nação do mundo trilhassem pelo modo de produzir, consumir e viver capitalistas.

O fato porém é que, de alguma forma, em variados graus, todas as formações sociais específicas do mundo experimentaram ou experimentam o “fel” e o “mel” do capitalismo.

É, porém, inegável que o Capital, concebido como uma relação de produção, revolucionou o mundo. Os processos de desenvolvimento científico-tecnológicos se aceleraram de forma estupenda. A roda da história ganhou uma velocidade incrível e os acontecimentos em níveis micro e macrocosmos se interconectaram produzindo mudanças cada vez maiores, em cada vez menores espaços de tempo.

Sem o instrumental do materialismo histórico e dialético fica impossível compreender a velocidade das mudanças e o que elas indicam.

O sistema capitalista que fora apresentado, pretensiosamente, no último período do Século XX como um sistema vitorioso, desconsiderava a dinâmica do processo histórico e suas contradições profundas, insolúveis em si, sob esse sistema. Nesse intervalo, as contradições só aumentaram.

A derrocada da experiência socialista vivida na Europa, sobretudo, na União Soviética, atreveu alguns teóricos a recitar necrológicos à ideia de Socialismo.

Hoje, visto em retrospectiva, em realidade vos digo: o que parecia a vitória final do capitalismo, era de fato, o início do seu fim.

Caro leitor, não imagine que estou aqui, dizendo que o capitalismo acabou. Infelizmente ainda não. O que eu quero afirmar é tão óbvio, repito, que parece de tão dito, batido: O Capitalismo acabou enquanto perspectiva para a humanidade. É já, faz algum tempo, e hoje especialmente, um ser moribundo, um “ente” apodrecido, fedido, a exalar guerras, mortes e destruição. É, de fato, a Barbárie, a espalhar pobreza e miséria e concentrar riquezas e luxúrias.

O atento leitor pode questionar: mas em algum momento o capitalismo foi diferente disso? Foi sim. Em condições de tempo e temperaturas muito especiais o capitalismo, como diz Éric Hobsbawm em seu “Era dos Extremos” viveu uma “Era de Ouro”. Um período em que a economia cresceu, houve desenvolvimento social, científico e tecnológico. Hobsbawm aponta as causas e os “culpados” desse feito histórico e único na história do capitalismo. A causa: a Revolução Socialista Soviética e sua benévola “ameaça” ao sistema capitalista ocidental. Os culpados: as lutas operárias, trabalhistas ocorridas na Europa, nos Estados Unidos e até mesmo no conservador Japão, sempre lideradas por comunistas e socialistas.

Ou seja, o assim mal chamado “Primeiro Mundo”, atingiu aquela condição graças as lutas socialistas e a pressão soviética. Não houve generosidade de qualquer facção da burguesia na consolidação do “Capitalismo de Bem-estar”. Houve lutas e conquistas das classes trabalhadoras.

O fim da União Soviética e da pressão comunista no final dos anos 1980, liberou o capitalismo a mostrar suas garras afiadas e destruidoras sem pudor, sem freios. Entramos na “Era do Neoliberalismo”.

Em alguns países onde houve conquistas importantes na época do “Capitalismo de Bem-Estar”, ou “Capitalismo Contido”, como denomino, com o Neoliberalismo foram perdidas.

Sistemas públicos de saúde, de educação foram devorados por lógicas privatistas, destruidoras. A fome e a miséria voltaram a grassar dentro das potências capitalistas hegemônicas, imperialistas.

Nos EUA a população abaixo da linha de pobreza deles, que era de 4 milhões em 1980 atinge praticamente 50 milhões em 2020. Sem tetos e mendigos hoje são facilmente encontrados nas ruas de Paris, Roma ou Londres. Algo impensável nos anos 1970.

Mas o que mais aflorou nesses 40 anos de “capitalismo sem freio”, de neoliberalismo, foi a cultura egoísta, individualista, predatória. Foi a formação de uma população culturalmente despreparada para viver em comunidade.

A Pandemia da Covid 19 escancara essa realidade.

Para enfrentá-la é necessário consciência coletiva, disciplina baseada no respeito ao próximo. A Pandemia exigiu duas coisas da humanidade que o capitalismo não pôde oferecer. Um robusto sistema de saúde PÚBLICO, comprometido com a vida independente de suas diferenças sociais e um COMPORTAMENTO SOCIAL SOLIDÁRIO, onde pensar e sentir pelo o próximo é uma necessidade permanente.

Quem evidenciou essa capacidade robusta de oferecer saúde e educação públicas no enfrentamento da pandemia, indiscutivelmente, foram os países que vivem experiências socialistas. Cada um conforme seus processos históricos particulares.

A Pandemia da Covid 19, também é mostra do conteúdo predatório do sistema capitalista. É resultado da forma de viver hegemônica imposta, difundida pelo sistema capitalista, inclusive em algumas nações que ensaiam a construção do Socialismo. É um “modus vivendi” incompatível com o ecossistema global. Ou seja, o Capitalismo se tornou um sistema ambientalmente inviável.

E dessa incompatibilidade com o ecossistema global, deriva as demais. O Capitalismo, ambientalmente insustentável, produz um sistema de insegurança sanitária mortal, desumano.

Para manter essa situação insustentável o Capitalismo precisa então, cada vez mais entorpecer as pessoas, com mais ignorância, mais negacionismo, menos educação, mais repressão, mais guerras, mais individualismos, etc.

Não há, portanto, perspectivas positivas para a humanidade sob esse sistema.

Por outro lado, os propósitos do ideário socialistas que emergem do pensamento revolucionário do século XIX, das magnificas experiências do século XX, no século XXI, se apresentam como alternativas impressionantemente atual para a humanidade.

Mais do que nunca estão atuais os Ideais de emancipação humana, de consciência crítica, de fortalecimento da ciência, da cognoscibilidade das coisas, da natureza e da humanidade.

A luta por um modo de vida ambientalmente sustentável; socialmente igualitária-justa; politicamente democrática-participativa, está absolutamente em consonância com os ideias do Socialismo, com as necessidades do Planeta, com a perspectiva da humanidade.

Atualizado, antenado com os graves problemas contemporâneos, circunscreve assim, o Socialismo como alternativa plausível para os grandes desafios da humanidade.

A organização popular, a colaboração para a formação da consciência solidária, crítica, criativa, de cunho socialista são tarefas inadiáveis de quem luta pela superação do capitalismo.

Sem isso, o capitalismo, que não cairá sozinho, continuará putrefato, espalhando guerras e misérias aos quatro cantos da Terra.

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